sábado, 27 de junho de 2009

Duvidoso sopro sob a tez certeira, certeira curiosidade sobre a tez que é assoprada. Quem assoprou então se ninguém havia... ali?

Sussurado aos meus ouvidos; ausente porém do quente sob a pele sensível da nuca e do pescoço e das orelhas, sem o morno úmido de um hálito vivo . Não havia, e as palavras não amorteceram meus sentidos, essa história foi dada num sopro gelado em calafrio ávido e desperto. Ouvi atento e quieto cada fato, e os fatos me calaram. Os dias e noites me diziam, não fale sobre o que rouba seus sonhos e o enterra em sua própria cama... Apenas pensar em algo tão desesperadamente curioso decepava feito um membro minha sanidade, meu ser, meu eu são, cortado com um fio de seda tão fino que eu sequer percebia o corte estancado de sangue fresco... Não havia, o frescor e o alívio se distanciavam calados sem que eu pudesse, na verdade, sem que eu quisesse chamá-la de novo para perto essa paz. Neste mesmo arrepio em que eu me desconforto em noites calmas demais, era-me levado o sono, o descanso divino do sono, sobravam apenas meu corpo anestesiado pela delicadeza de seus dedos petrificados. Ele me tocava, me toca quando nele penso... E leva minha paz... E deixa meus pesadelos-lembranças... Cala por segundos minhas esperanças e me chama como criatura alguma um dia me chamou, tenta me seduzir levando meus sonhos, deixando incertezas, brincando em meus quadrados com todo seu atrevimento de interromper o que digo, o que penso. Ele veio, numa noite como essas noites de vento sobre rosto ele deitu-se ao meu lado e me disse seu signo, sua sina, seu destino, o meu destino... ? Apenas isso me mantinha ali, a pergunta, a constante dúvida de quem eu era em seu conto de demônios. Sua solidão era como a minha, e teu vazio doloroso porém tão infinito que distraia olhá-lo; sim, como os meus, destinos, dores e vazios. Então, assim digo o que digo que me disse ventando vindo do nada sob portas e janelas fechadas e mesmo tão assim frio em minha pele.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Grande Saída

E então me diz logo e de uma vez por todas, o que aconteceu? O que foi tudo isso de 'vida'? Eu queria ter uma arma que não quisesse explodir meus miolos, só para me manter segura de que você vai me dizer um dia o que tudo isso significa. Então, qual é a sua que nunca me mostrou nada além de alguns centímetros visíveis sem óculos? Qual é o seu problema em esclarecer o que há de duvidoso? Tanto trabalho em fazer tudo a minha volta, tanto esforço para me inventar sem nada dentro além da vontade de me criar, me criei e agora, me dê logo uma arma carregada, eu só quero ter uma arma nas minhas mãos e berrar para ela que eu não tenho resposta nenhuma, porra! Que porra toda foi essa história da vida? Quem aconteceu tudo isso em mim? Por que eu tomei essas decisões, se é que eu tomei mesmo alguma porra de decisão, me dá logo essa maldita arma e me protege, não, retiro o que disse. Não me protege. Você só faz as coisas do teu jeito... Me dê a arma e eu me protejo, olho todos os dias e a carrego quieta, agarrando os lábios, esfregando a palma da mão na boca, aperto os olhos para não chorar sozinha, sem você. Você não me ensinou a me importar com tanta besteira, eu que me amaldiçoei, e não me ensiou a engolir o choro, eu que engulo. Só situou, pôs suas situações, aconteceu, fez, pintou e bordou nos meus dias botando na minha frente a solução. O mínimo, faz para todos só isso, põe na nossa cara o que agente precisa. Acatei, claro. Mas as vezes, eu sinto que esse choro é só meu, você não chora, nunca chora. Eu quero essa arma só para ter a certeza que de tanto apertar minha boca calando essa merda de grito, eu acabei virando homem. Homem crescido. E essa arma só vai ficar carregada em cima da mesa, me olhando e eu olhando ela. Nada mais. Enquanto eu não tenho a minha arma, não vou parar de querer gritar, nãos sei se consigo parar meu choro de uma vez por todas. E no maldito dia em que eu souber, me leva, e não me diz nada, quando eu finalmente não precisar mais gritar para essa merda de história de vida, me diz, que resposta eu vou precisar? Que proteção eu vou precisar? Que consolo? Não vai ter mais grito... Ai, vai ser tarde. Então me deixe dormir de uma vez, para sempre, e não ouse me acordar para se justificar, contar seus causos, não vou querer te ouvir. Quando parar de gritar para a vida, quando eu cansar de berrar por você por força do teu destino, não me venha tocar sua música. Eu já toquei a minha música a vida toda, e sufoquei meu grunido sozinho a vida toda, suportei teu zunido sem a merda de arma que me prometi, que me prometi que você me prometeu. Então, no final, na grande saída, só me deixa não ser quieto. Por que quando acabar o grito, ah esse dia vai chegar, quando acabar a dor, eu não vou precisar de você para nada. Hoje, sem saída, deixa que eu me viro sozinho. Na grande saída, me esquece. E se quiser mudar teu jeitinho patético de sempre ir levando a tua única única vida-existência, me dá essa porra de arma que me protege do medo, que me mata a dúvida. Não me perde na grande saída, não me perde na grande saída, não me perde!