sábado, 29 de dezembro de 2007

Dali Egg.

Quebram-se barreiras, tudo aquilo que nos faz mal é superado, as moléstias, tristezas, angústias são eliminadas, sobram as preocupações nobres e a vontade de ser alguém; como fazer então com que as estradas e seus infernos que habitam minha imaginação não ecoem mais... A vida continua boa, simples e agora redimida, mas o lado podre da maçã ainda está aqui, só deixo pra fora a parte viçosa. Antes a mancha até aparecia enegrecendo a tez umida e vermelha do fruto, agora o podre fica dentro, esperando ser mordido e assustar alguém com uma aranha que escapa por seus dedos e o faz gritar e agitar o corpo todo para joga-la pra longe. Será que só uma estrada pode salvar minha alma... Mas se sei que é ali aonde elas se perdem... Porém esse formigamento não para, quando dá apoquenta-me de uma forma inexplicável, me converte em outro, muda minhas palavras, transgride meus ideais, me derruba na poça denovo. E ali, em sonhos, me deleito com a sujeira, me lambuzo e engulo, danço com o Demônio, fujo da certeza, me engano imaginando frustrações esperadas que, mesmo assim, mudam o sabor que a vida tem na nossa boca e não aos nossos olhos e nem em nossa mente. Queima. Queima fundo, arde, amarga, cospe, grita, gira, e é isso; será que há tanto assim além disso? Sei que acaba, a cada dia diminui e se perde, meu oco se torna sólido para, esquecido, não me fazer mais lembrar deles, não ecoar mais... São os últimos resquíscios de uma alma jovem que, de tanto querer ser salvada por alguém, ainda não vê a hora de se perder. Porém enquanto ele ainda sopra em meus ouvidos, não há como achar que a vida realmente é bem mais divertida do que tudo isso. Simplesmente mais divertida. Passa, e denovo volto para meus discos e livros e projetos; vou me alimentando em regime de sonhos, bondades, sorrisos, felicidades, tudo tão entediante não é. Se não achasse o mesmo, nem teria lido tudo isso. E se sente a vida em todos seus aspectos, entendeu bem a escolha que é feita por nós, por que a brincadeira, um dia acaba. Não por si só, mas conosco. Só que não quero terminar essas frases repetindo o sermão, quero mais é dizer que sim, ah como eu sinto saudades de não saber que caminho escolher... Como se pode querer ser feliz se para todo lado que olha só vê tristeza... É egoísmo, é apartar-se da realidade, e achar-se tão bom que pode saber viver em meio ao caos. E isso é impossível. O que realmente fica a sua escolha e o quanto vai deixar seu corpo escorregar pixe a dentro... Pés, pernas, cintura, braços, ombros, pescoço ou a cabeça toda... E mesmo assim, você nunca vai saber o quanto está mergulhado. Mas não se sujar é impossível. Seja quem for, algum pedaço está tão pegajoso, e quanto mais você acha que está tão longe disso, nem respira mais, o bretume já está nos seus pulmões; quando entende que a sujeira está dentro e fora, pelo menos lida com ela. As vezes para não se machucar, para não machucar, para ganhar, para perder, para não perder, para viver. Viver, dar passos lerdos em meio a esse mundo machucado por Deus.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Ser.

Observo meus braços, mãos, dedos, unhas, pernas, pelos, rosto, corpo e não os entendo... Tão feios, desengonçados, estranhos, e tão distantes dos referenciais que temos de beleza, que podemos inventar de perfeição, não humana, mais imaginativa... Pense em cores se difundindo numa ventania em papel branco de um arco íris que se misturasse, cruzasse, serpenteasse e se transforme em tudo que você imaginar... Isso é seu. Cada um imaginou algo próprio. Quando olho para dentro, não vejo limites para estar na China e em um segundo voltar para a janela do meu quarto; correr para um beijo que me emocionou e estacionar na visão da pessoa que amo simplesmente sorrindo para mim. Depois estou dirigindo meu carro solto pela estrada sem fim, sem uma meta ou sem uma direção, posso sentir o vento nos meus cabelos, e as rodas não tocam mais o chão mas sobem, deslizam pelo ar e rápido, tão rápido quanto a luz alcançam os planetas e as estrelas e o sol, o sol, dentro do sol, envolto de luz, no princípio você pode se ver, mas depois é apenas as ondulações de luz se misturando e reluzindo. Tudo isso em segundos. Mas volto, e me vejo, e o que vejo, é isso: uma caixa. Um limite. Um espaço definido. Uma distância que pode te deixar tocar isso e aquilo, ver ali e aqui, sentir assim ou assado. Tudo de dentro de um espaço físico de dois metros de visão. Mas e aquilo tudo que eu tinha segundos antes, aonde está tudo aquilo? Para onde foi que não posso te-lo aqui, nesse mundo fora dos meus olhos? Sonho com um mundo aonde a imaginação é ato, e não preparação, e acredito que após me cansar de tanta perfeição, vim para cá, brincar de imperfeito... Sonhos... Realidades... Suposições... Não sei. Mas o fim me deixa curioso, nunca o bastante para não me divertir com tudo isso, e morrer aos poucos ao ver que tantos não aproveitam tudo que nossas cabeças nos oferecem...

Ajudar...

Gosto demais de ajudar as pessoas. Mas as vezes tenho medo de não ser ajudado por ninguém realmente. Ou mesmo de não ter conseguido ajudar tudo que eu podia ter ajudade alguém...

domingo, 18 de novembro de 2007

Livre

O mundo novo, tantas influências vindas quase sempre de um mesmo esquema cultural, porém com tantos meios de ampliar seus conteúdos sobre a vida, a consciência disso leva seus pensamentos a um nível muito acima do imperativismo intelectual atual. Quando se desprende de premissas, podemos achar beleza nas coisas mais simples e nos arrepiar pela milésima vez com a mesma cena. Semióticas, entrelinhas, sempre haveram nelas tantas mensagens desconfortáveis, tantos pontos preconceituosos e realmente cansativos às mentes ressequidas de um produto novo para estudar e criar embasado nesta miscêlania cultural. Sim, está óbvio que essas são barreiras sólidas para o profissional realmente comprometido com a originalidade, mas quando conseguímos captar em meio a todo o caos informacional congestionado de rótulos e formatos, para adentrar fundo nas pequenas coisas tão simples que compõem um trabalho original na essência da singularidade, e melhor, compor algo que possa soar parecido para você mas apenas nos pontos adimiravéis, aí sim você encontrou os pés do arco-íris. A criatividade existe e sempre existirá, para as massas e mesmo nas altas classes, sim ela anda defasada dos mesmos arqueótipos seguros de sucesso e rentabilidade. Mais do nunca, hoje o mundo gira em torno do que é lucrativo, porém não poderemos exigir demais dos cirtuitos principais. Mas quando a gestão é particular e simples, cada um pode sim alcançar uma liberdade pura da escola do produtivo para realmente chocar seu mundo com os demais. As vezes me pego pensando 'o que há de proveitoso em escrever para as paredes', mais momentos como esse quando consigo explicar algo de tanta importância mesmo que para mim mesmo, que não, não importa com que consequência, as palavras e atos e idéias e conceitos e opniões são causas, de cada qual são suas próprias causas, então mesmo que em silêncio, jamais estarei calado.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Virtual...

Descrever a tenue substância que compõe nossos pensamentos, os nuances imperceptíveis de humor e valor que vão transgredindo nossos valores sem que percebamos, e quando entendemos, tudo parece tão... artificial. Por quantas vezes você já não olhou para quem ama se perguntando por que está com essa pessoa, para seus filhos e pensando que são um total fracasso, para sua vida como se de tão efêmera não tenha significado nada para você além de memórias e memórias mas a ação, quando acontecia, você nem percebia... Momentos que guarda com cuidado, mas no fundo sabe que quando os vivenciava, eram só segundos, passaram. Dias que esperou tanto, e que quando chegava, de nervoso, não via a hora que acabassem. E dias em que algo aqui dentro implorava para não passassem, como todo o resto passou. Criamos ao nosso redor uma teia virtual de preconceitos, vontades, saberes e sonhos. No final, todos se esvaem por dentro os dedos enrugados que mal escapam das mesmas culpas, da sensação de que devia ter feito mais, das angústias por não saber como será o fim; mas a vida vai e o fim vem, sempre. Sempre. E nada impede isso, apenas nós mesmos, que nesse caminhar insensato, fugimos da única realidade que realmente está conosco desde que vimos a primeira luz. O demais, não passam de percepções, opniões, visões nossas sobre como o mundo é, por que ele é para cada um único, mas mesmo assim, é o mesmo; divide-se a morte e os veículos de entender são os mesmos, então por mais que você ache que ninguém sentiu isso que você sente agora, nesse exato momento, milhões sente-se assim pela mesma coisa que você sente, e bilhões por se achar sozinho. Jamais estamos sozinhos, a certeza absoluta sempre nos acompahará.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Página desmarcada
dedos arranhando o papel
palavras que da ponta da língua
escorrem para o nada.
Inspirações e expirações
desmanchando toda a poesia
que, segundos antes de pintar o papel,
eu havia iamginado, e já não o é.
Algumas lembranças daqueles versos
vagam sozinhas pelo fio ineterrupto
do 'queria ter dito' que povoa
a imaginação; mas acaba a linha
e nada mais se tem denovo.
Como pode o todo perder-se em
uma palavra, e o que não o é,
jamais definir-se em palavras.
Letras, períodos, pontos, frases
se juntando com nenhum ou algum
propósito inexplicável que, as vezes
se mostra no contexto, se esconde nas entrelinhas
mas mesmo assim, vai:
completa o caminho de não caminhar.

domingo, 11 de novembro de 2007

Voltar a ser criança...

Agora de pouco me perguntei se conseguiria ser sinceramente lúdico ao escrever alguma coisa... E passar os sentimentos bonitos que sinto em relação ao meu lado mais inocente... Pra começar acho que devo me desprender de palavras dificéis, e muito elaboradas, deixar que cada período vire frase e cada pedaço seja simples, como se dentro de um beijo estalado eu pudesse dizer tudo que quero. Digo que carrossel faz meus olhos brilharem... E circo me lembra que rir quando não é de coração é estranho, mas não deixa de ser verdadeiro por que alguma coisa em você naquele segundo quer rir... Digo também que tanta coisa sempre vai estar errada, mas que pensar em coisas lindas sempre vai ser melhor. Que sonhar é o que faz agente criança, e sorrir, e brincar, e ser feliz. O muleque não se pergunta por que quando a bolinha de gude quica joga a outra longe, nem por que avião parece passarinho que não sabe bater asa, nem liga pra gente que faz careta, nem pra mordida de formiga. A menina se assusta com barata, mas sabe que o doce é mais doce quando tá lá no alto do armário. Ela penteia os cabelos as vezes, e nem percebe quando eles mais estão arrepiados, por que brincando, ela esquece. A criança acha que tanta coisa precisa mudar que o mundo fica perfeito pra ela, por que ela sempre esquece tudo que quer diferente pra dar atenção pra tv, ou pra cosquinha do irmão, ou pro afago da mãe. Quer tanto crescer, mas sempre acha que o ano passado na escola foi bem mais divertido. Com uma varinha se agitando pelo ar sonha os sonhos mais lindos, e naqueles momentos ela tá la dentro, de cada sonho dela, de verdade. E quando dorme se tem pesadelo, acorda esbaforida, esquece, e dorme denovo. Toda a meninada é linda, por que sabe esquecer do que tem que ser esquecido, e nunca esquece da bicicleta nova que quer tanto para brincar... A bicicleta que quando ganhar, vai esquecer só pra lembrar do que mais vai fazer feliz esse pedaço da gente então...

sábado, 10 de novembro de 2007

Legião

O suor seco já não aparece mais, e a dor é algo tão distante que as vezes me torno insensível... E tão sensibilizado por todas as coisas do mundo, tão tocado por cada tormenta que me faz resolve-la de imediato. Mundos e fundos crio-os só para mim, e acredito em cada um deles como se fossem toda a verdade do mundo, só para desacreditar depois, ainda tendo a certeza que fora de minhas janelas cada um daqueles mundos estão acontecendo agora, e sempre estarão acontecendo. A vida vai continuando, se escoando pelos dedos como acontece com todos; comigo, ela é boa, feliz, meio que incompleta mas só por ser assim que é tão farta, pulsante: cada coisa que não tenho me faz querer mais que tudo quere-las, sonha-las, e que vida é vida mesmo quando você não sonha mais... Não sei como seria uma existência assim, inóspita, seca de queres sinceros... Não entendo. Mas sei que em tantas vezes, quis alguém, e por tantos momentos tive alguéns; hoje, todos importam e não importam. Importam por me fazem ter lembranças boas, não importam pois se perderam por caminhos que desconheço e no qual não sei achá-los... Sim, perdi amigos... Sim, perdi amores... Mas ganhei em vida, em sabedoria, em saber ser um alguém que sendo é assim, completo, mesmo acima de tudo. As vezes acho que falo a língua dos anjos...e que amo o mundo mais que qualquer um possa ter amado de verdade, mas sei que isso é impossível; sem os verdadeiros apaixonados como então a Terra persistiria em girar... Em todos os tempos em cada época, sempre houveram os como nós, que simplesmente são aficcionados por tudo isso que é viver. Almejo datas aonde os tristes deixem de ser assim, e a beleza seja propagada em todos os semblantes, jamais nos rostos. Obras da natureza encontram-se tantas em tantos lugares, mas espíritos livres que reluzem em olhos de amor e compaixão, isso é raro.. Não por muito tempo!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Vida...

Por que sempre falar sobre mim não é... Para tentar se entender? Para tentar achar um meio de que me entendam? Ou por pura prática irresistível de egocêntrismo? E por que sempre se perguntar de alguma coisa... para achar respostas... para excitar a curiosidade alheia... ou só para jamais querer se entender de verdade... e sempre são tantos quesitos, e fragmentos que vão completando quase tudo que escrevemos; partes que se encaixam dando (ou querendo) algum sentido, pedaços soltos de divagações que caminham para algum infinito indefinível. Vai ver nada passa de uma normalidade em se conhecer melhor que todo o resto, então impossível fugir do mesmo assunto, ou mesmo se citar sem nem perceber. Pode ser que as dúvidas só existem, por que mesmo dominando o assunto bem, sempre haverão incógnitas. Independente do que você venha a falar. Aí você pode me dizer, o céu é azul e a maçã sempre cai, eu te digo que há dias de chuva e o laranjado pôr-do-sol aonde maçãs são apanhadas. Você pode dizer que vai morrer, e eu que há quem acredite em Jesus, e podemos ficar nessa por horas a fio, perdendo então tempo demais, procurando algo que realmente não quer se achado. Por que, imagine, se de tudo soubessemos, e não haveria nada mais a perguntar, desde sempre cada um só fazendo o que havia de fazer e conhecendo o que deveria acabar conhecendo, jamais seriamos assim, humanos. Seriamos algo mais semelhante a natureza... Que não precisa saber de onde vem, nem para aonde vai, apenas caminha, se move em forma de tempo. Agora, como enquanto vivos não temos a certeza de estar escolhendo mesmo, ou sendo escolhido, procurando ou só descobrindo, sempre seguimos continuando... Continuando pelas manhãs lindas de setembro, por noites solitárias de tristeza, pelas tardes particulares de lembranças, e observamos a primavera, o verão, as avalanches pela tevê, as abelhas obstinadas, e as árvores sempre caminhando para os céus... Tudo isso sabe perfeitamente por que está ali e para onde está indo, senão jamais se encaixariam tão certo; agora agente, agente mal sabe o que vai acontecer depois de ler tudo isso...

Intelectualóides

Era dito sábio pelos cartéis de cabeças aprimazadas com um certo interesse por saberes variados. Ela era o que mais lera de todas as coisas entre todos eles. Jamais seu ponto de vista realmete aceitou a idéia franca e promissora que todos sempre acabavam relatando as mesmas estruturas em conjuntos diferentes; era um partidário, como todo bom entendedor. Defendia com fervor subliminar seus valores retirados de livros e livros sobre sociedades mortas e ideais obscuros. Quanto mais amava o que aprendia, mais se envolvia nas teias ignobéis da dedicação exasperada a algo que infindavelmente o leva ao ponto aonde começou. Mas para ele não, como criança ávida sempre que conseguia dominar uma teoria com seu vocabulário vasto, sentia-se inflado e entorpecido no frocitante prazer efêmero das letras. Ah ele sentia... Datava-se único por articular tantas escolas e métodos e ismos e estruturas em uma só mente. Quando conversava, afirmava que era apenas a nível contemplativo, mas em seu ser pouco oculto, revelava-se logo um retórico invertebrado. Afinal quem discute, assume sim seu próprio caráter taxativo, e como ele descutia. Despendia toda sua gama de palavreados prolixos e insólitos para tentar confundir a pessoa e faze-la desistir, nivelando seus próprios conceitos sólidos para todas as entrelinhas da conversa, mas eles estavam ali, feito estruturas firmes de um prédio irreal. Alternava em várias facetas de um mesmo tópico, subentendia-se que para ele tratavam todas de um só assunto e esse assunto consistia em não ser um assunto; os promissores sempre acabavam de uma forma ou outra dizendo isso. Mas nem eles mesmos acreditavam nisso, pungenciavam em suas obras manias e idolatrias inevitáveis por outros e outros que vieram antes deles os calcando a escrever também. Eram produtores de relatos, recortes e retalhos da malha interminável de coisas já ditas, diferentes de quem cria, estavam sempre com 'algo na cabeça' que egendravam seus escritos, e esse algo era sempre uma nota ou frase marcante, que como em mocinhas virgens, os fizeram molhar a calcinha de excitação com tanto peso teórico. Quanto mais denso e impenetrável fosse os conteúdos, mais carregado de analogias e indiossincrasias com o mundo, e nada que realmente fosse concebido do real, mais suas calcinhas ávidas por seu 'pai da literatura' como assim intitulam tantos, molhadinhas ficavam. Entre todos os emranhandos cultos de uma mente ocupada por tantas cargas de teoria, tinha sempre no ar de seus feitos uma superioridade e uma certeza confiante do que escrevia. Fazia o máximo para não contradizer seus próprios valores, mas a forma como levava sua vida e encarava uma conversa, denotavam todo o seu embuido ser de ser o ser já sido de outro por não saber que ser ele seria sendo ele mesmo. Sua existência encefálica consiste num agrupado crítico sobre tantas coisas e outro seleto nicho de sistemáticas firmes de opnião. Ah sim, para bom entendedor, apenas a verdade basta. E a verdade sempre é a sua, a nossa, nunca a do outro. Eu por esporte sempre fui um contraditório, negava qualquer coisa que ouvisse pois tudo pode parecer certo ou errado dependendo apenas com que olhos e para aonde os aponta. Numa dessas ficava claro que me contradizia, repetia as mesmas ferramentas de desconstrução, mas em nenhum momento levantei bandeira pensando "pensem assim" ou mesmo a bandeira do "você não consegue pensar assim". Encarava tudo como um jogo de palavras, aonde o jogador mais atento sempre encontra falhas na teoria do outro e as joga sobre seu rosto, enquanto suprime o que ele diz a meros 'ditos', o articulador sem saber como e por quê escapar do jogo, sempre reafirma suas respostas e ideais empunhando-se da mais variada coleção de contundentes para defender sim o ponto de vista que sim possui sobre tais assuntos. Eu não. Eu ganhava o jogo, pois nunca entrava no jogo, só defendia a contrapartida, a recusa, a retórica, o relativismo, e se esses eram meus partidos, longe disso! Só queria ver o gatinho se enrolando com o próprio novelo de lã e fugindo cansado de tanto se enroscar, letras simbolizam e o que é simbólico jamais pode ser verdadeiro em suma, portanto, me digam breves leitores, que boa teoria não possui seus cacoetes?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Rotina Dessa Gente Feliz

Deitada em sua colcha de retalhos, Tia Jô, ou mesmo só Jô, como gostava de ser chamada, Jô de Jobelina, nome que tanto evitava por causa da troça que a criançada fazia com ela e com seus cabelos e seus jeitos; ela então descansou o descanso tão prazeroso em ver que acabava enfim seu trabalho. Acabavam as mandanças de Dona Zélia e seus quereres bobos e sempre insatisfeitos com as coisas da casa. As poucas três semanas de carnaval em que a patroa estaria no litoral e ela de férias, lhe dão a chance de trocar com seus botões cada pedacinho e cada cor do que mais amava fazer. Jô era a costureira responsável pelas fantasias do pequeno desfile de carnaval da cidade, e agora era só por em prática no outro dia, no novo dia, tudo que havia organizado em seus pensamentos. Dormiu sorrindo, feliz, alegre e boba de tanto amar a responsabilidade que lhe era dada pelos foliões da cidade. Acordou cedo e certeira, obstinada em ir logo comprar tudo que precisava na loja de miudezas da esquina, no centro da cidade. Um porção infinita de paêtes, lantejoulas, penas, penachos, bordados para as bordas das saias, linhas vermelhas e verdes e amarelas, as cores de sua escola de samba, contas e contas coloridas para os colares e caprichosos acabamentos dos corpetes, as fitas de todos os tamanhos, os tecidos de chita, cetim, um pouco apenas pois era caro e rasgava com facilidade, panos baratos para os coletes dos homens, espuma para as ombreiras, arames para os inflados saiotes das baianas, suas mil rendas brancas, lenços coloridos, bolas grandes e pequenas e tão miúdas, cintilantes; toda a sorte de enfeites que já sabiam em sua cabeça cada lugar que iam ocupar. Voltou para casa ajudada pelo neto que carregando a minoria da sacolas perguntava como seria sua roupa, e a do mestre sala, e da porta bandeira, e dos garotos da bateria e todos os outros, e ela, ia desenhando para ele como havia imaginado tudo bem certinho para cada um, sempre diferentes que do ano passado. Em casa, sentou-se em sua máquina de costura, e começou seu jeitoso projeto. Enquanto costurava as vestes mais simples dos batuqueiros, imaginava o trabalho pronto e reluzente, envolvendo pela bateria os corações compassados nas arquibancadas.Todos iguais, com os detalhes sobre o peito e nas calças brancas com as barras bem feitas de vermelho, verde e amarelo. Passou então para os bordados brancos, e espetava com paciência os arames para deixar cada saia na mesma proporção de balão. Usou do mesmo tecido para as batas, e para suas cabeças, cada lenço de cada uma das cores envolveria os cabelos mais esbranquecidos do desfile, com um nó na frente. O seu também estaria ali, na ala das baianas. Chegou então sua parte preferida, o mestre-sala e a porta bandeira. Utilizou todos os paetês e lantejoulas que sobraram e eram a maioria, na produção do paletó e da calça do homem, desenhando um infinito ondulado de mar colorido. Fez o mesmo na saia da mulher que era bem mais espalhafatosa que as das baianas, grande e ufante, e seguindo as mesmas ondulações de seu companheiro. Para a cabeça um adorno lindo apenas vermelho para ela e verde para ele, o amarelo era o que mais se via em suas vestes, então o destaque seria os enfeites com as penas no mesmo tom para tapar os cabelos duros. Passara assim nessa confecção que para você pode ter parecido um dia, mas para ela durou segundos, e para o tempo uma semana, corrida de vai e vens emergenciais na vendinha. Pronto, todos as fantasias estavam prontas. Chegou o dia do carnaval, seu coração, nenhum coração conseguiria parar quieto em meio a toda aquela felicidade e sons contagiantes da verdadeira festa. Em meio a toda aquela música e alegria, de tão perfeccionista, escapou-se um gritinho abafado quando seus olhos atentos viram um pedaço de cetim do lindo vestido ficar preso ao carro de som em um de seus rodopios delicados e desapercebidos da linda morena porta bandeiras. Ah a bandeira era mesma, e feita também por ela a muito tempo atrás. Engoliu o tremilique de seu sorriso e sorriu mais forte e brando ainda, pois sabia que ali não havia nada que mudasse o completo que invadia sua existência simples, a beleza em ser simplesmente assim, feliz. E tudo ocorreu perfeitamente, e ela até esqueceu do bobo cetim. Passaram-se as semanas, e na noite antes de acordar para um novo dia de trabalho, como em todos os dias em que se deitava para dormir, Tia Jô vislumbrou como seria o vestido da porta bandeiras do próximo ano, como sempre fazia sem ninguém saber, antes de dormir... E sorriu, sorriu grande e satisfeita... E em seus sonhos, o vestido conseguia estar tão mais lindo do que o desse ano...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Meu único medo...

Pode o mundo todo ruir em um caos sem fim e inevitável, podem meus fantasmas finalmente aparecerem para mim e me assustarem de verdade e não apenas soprarem em meus ouvidos, pode a morte me levar para uma situação totalmente contrária a tudo que imagino, pode tudo ser verdade, pode tudo ser mentira. Pode minha família toda realmente estar tomada pela inveja, podem meus amigos desejarem meu mal mais que tudo; pode o mundo todo sempre quando estiver em contato comigo não me entender e sofrer com meu olhar. Podem todos saber, pode ninguém saber, pode minha cabeça desaparecer para sempre e nenhum pensamento, palavra, imagem, sonho, nada, posso eu e meus botões ficaram afogados em um nada eterno de agonia... Posso sentir a dor que nunca senti mas vi e senti tantos sentirem, posso jamais alcançar meus sonhos, posso viver pobre e sempre dependente do dinheiro alheio... Posso ser internado num hospicio e viver a arrancar pétalas das flores desejando que todos no mundo morram, posso ficar para sempre trancado nas tristezas da minha casa... Posso perder cada memória boa, cada lembrança feliz, e viver sempre me esquecendo de tudo e de todos, ou lembrando de todos e jamais guardando em minha mente aquilo que realmente me interessa... Posso viver como um vegetal, ou como um animal, ou em negação, ou em racionalização; posso ouvir as vozes que me odeiam por dias, horas, minutos, segundos, o tempo todo para todo o sempre; posso um dia ver que tudo que fiz foi uma mentira e só fiz o mal, só fui instrumento de destruição. Posso também saber que sim sou feliz, que sim salvei o mundo, que sim tenho amigos, que sim as pessoas me amam, que não o não que ouço não passa de um auto boicote inválido e falso... Posso esquecer todos meus fantasmas, realizar todas as metas, ter meu dinheiro, conhecer cada lugar que sonhei, fazer aquilo que mais quero fazer profissionalmente... Posso conhecer pessoas notáveis, ter casos inesquescíveis, baladas tão almejadas, tudo que sempre desejei... Posso ser grande e tão maior do que imagino ser, morrer e salvar cada alma triste e ensiná-la a ser feliz, e castigar cada corpo ganancioso que não permite a felicidade; posso tudo. Independente de cada desgraça e de cada agrado que citei aqui, se não tiver a única pessoa que amei de verdade para mim denovo, sempre estarei sendo um alguém que, por mais que acredita e passa isso, não é feliz...

domingo, 4 de novembro de 2007

Beijo...

Será que alguém sabe o que é ter lábios de mel e fel e doce e céu... Uma gota pura de veneno vivo que simplesmente o faz hipnotisado; não precisa nem olhar, e se olhar dizem que você vira pedra... Então é melhor beijar apenas... Beije... Se entregue... Sorva tudo que puder dos lábios mais perfeitamente desenhados do mundo... Vai tentar tocá-los? Sofra as misérias de sua lingua bipartida... Vai tentar amá-los? Se esvarie em um céu em terra... Derreta-se pouco a pouco até se tornar um liquido vermelho e sedoso, cheiroso, único, perfeito, tenro, adocicado, ácido, amável, simplesmente irresistível... E rosa... rosa como a tez umida das vaginas mais agraciadas; rosa não como a própria rosa pois nem ela é tão rosa assim; rosa como o rosa nunca fora até então... Se entregue, não relute, pois esses lábios podem consumir você....

sábado, 3 de novembro de 2007

Arte e Conscsiência

Qualquer obra artistica é impregnada do sentimento de seus autores. Quando nos dispomos a criar algo seja relacionado a literatura ou mesmo obras compostas em si, colocamos nosso consciente a serviço de uma criatividade embuida de todos os ideais e conceitos que você adiquiriu com o tempo para estruturar todos em um formato único. A arte em si consiste basicamente nisso, uma miscêlania da sua cognição sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre as emoções que povoam seu coração traduzidos em formas, métricas, e relações exponenciais das n possibilidades que o homem tem de se expressar. Mesmo que por várias vezes qualquer apresentação intelectual pareça demasiadamente ligada a suas regras e dinâmicas de método já utilizada antes por outros autores da mesma área, como as danças no geral, cada produção tem seu caráter particular creditado principalmente aquele que cria a arte. Normalmente o artista se coloca a serviço de um sentimento principal, seja amor, ódio, felicidade, frustração, crítica social, ou meso a beleza por si só querendo transformar-se em arte; em todos os casos o resultado é pungindo por essa esfera evocada pelo artista. Quando a arte está pronta, é possível para o expectador consciente captar todas as mensagens que o artista quis passar com cada detalhe e peculiaridade única daquela arte. Nosso discernimento se conecta ao espírito que foi dado aquele retrato por uma outra consciência, e se depara com todo o sentido que ali foi atribuido. Há casos raros, principalmente em setores das artes aonde meramente o maior objetivo é apenas expor um sistema, repetir o que os outros fizeram porém mais (no caso dos melhores) ou menos perfeitamente adequado a estrutura já definida. Um bom exemplo para colorir esse caso é o ballet, por mais que aja uma mensagem artística atribuida, para os expectadores mais "conscientes" essa mensagem se perde. Fronte ao sentimento do expectador em procurar uma perfeição de movimentos, ele deixa de ver a realidade por trás daquilo. E muitas vezes aqueles que produzem essa arte não imaginam nada além de criar um espetáculo mais adequado as regras que compôem cada movimento. Artes desse tipo ficam reduzidas a uma exposição de método. Pintura, escultura, teatro, cinema, dança, música, produções digitais, todos os tipos de ilustração dos nossos sentimentos sempre estarão muito mais ligados ao nosso sentimento do que nossa razão. Por mais que objetivamos alcançar algo com aquela arte, sempre o que vai pevalecer será nosso sentimento.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Gratidão

Quando tudo que pode acontecer com você de ruim acontece, quando os cabelos parecem cair e uma coceira simples coloca em risco tudo aquilo que você ama e acredita; em momentos aonde as paredes do mar parecem cercar seus ouvidos num eterno eco das suas proprias lamúrias e tristezas, e insatisfações, e frustrações, e amores perdidos, e dúvidas tenebrosas, esses momentos aonde o único desejo que parece te habitar é o de transformar-se em partículas esparsas de areia pelo ar se desfalecendo e não sendo mais o mesmo mas sendo nada, até nesses momentos, se você tem fé na vida, acredita em si mesmo e sabe que, nessa vida estranha que é o planeta Terra em 2007, tudo pode acontecer, você vai saber agradecer a Deus e continuar sua caminhanda para o paraíso terreno do amor verdadeiro a tudo que está ao seu redor, e não ao amor a tudo que está por dentro, por que esse amor, sempre acaba se frustrando, afinal, sempre somos os mesmos, mas é tão mais prazeroso amar sempre coisas novas... Então invente-se, crie seu mundo, feche-se da tristeza, de costas para os medos, acredite nas mudanças, ou não, sofra se necessário, não sofra se realmente ama mais você e a sua felicidade do que o mundo ao seu redor... Pode parecer contraditório, mas quando não damos atenção para o que os outros acham da gente, e aprendemos a gostar de si, amar a vida e o jeito que ela é vira apenas consequência...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Par Ideal

Como explicar ao certo o que é uma conversa proveitosa para mim... Houveram tempos em que eu achava que bom mesmo era falar de assunto complicado, que incentivasse a mente a dar resoluções para problemas sociais, culturais, filosóficos, políticos, econômicos, e de toda a sorte de coisas humanas, sempre levando em conta um contexto crítico, que procurasse ter um novo ponto de vista sobre tudo aquilo que havia tanto sido falado por tanto tempo e por tantas pessoas; não por nada, apenas por que pensar igual me estafa. Isso tudo me exaltava, me sentia ótimo por estar discutindo temas nobres mesmos, e não apenas consequências da vida, mas sim as causas, e o como pensar e racionalizar os efeitos... Aí também ficava todo cheio de si em falar de mim, e ouvir a pessoa falando de si, sempre procurando igualdades e diferenças. Interesses pessoais mesmo, saber tudo que a pessoa ama e expor meus amores, sempre me interessei por pessoas, procurando no fundo igualdades, mas adimirando muito mais as diferenças que na química incerta e subliminar das relações resultava em amizade. Também gostava muito de sonhar, criar mundos e realidades perfeitas e blazés aonde tudo dava certo e cada um tinha simplesmente tudo que podia; praticamente fazer o tópico de antes mas expondo almejos. Porém em todas essas conversas, relações, acasos, encontros, desencontros, eu só recordo mesmo das conversas que tinha com uma pessoa... E eram as melhores... Mas o mais engraçado é que propriamente, conversavamos sobre tantas coisas e sobre todas essas que não houve uma que me marcou como é com as outras pessoas... Todas ficaram tão gravadas em minha alma que não precisam nem ser memorizadas para que superassem. Acho que no final das contas, por mais que algo dentro de nós procure sempre algo mais ou algo além das pessoas, o que vale mesmo são nossas almas... Quando elas conversam, nada mais importa. Agora quando são as bocas que falam, elas só falam, mas não mudam o que já está escrito dentro de cada um de nós. Quando os quereres dão lugar aos sentimentos, você e a pessoa são um só. Na minha constante procura por pessoas que realmente fizessem meu interior vibrar ao conhece-las, jamais me confundi ao ver que estava frente a alguém que se mostrava especial de alguma forma para mim. Mas como acho que alma é a composição das caracteristicas que você tem, uma das que mais adimiro nas pessoas é a compreensão e aceitação. É o saber que, mesmo que a outra pessoa discorra algo que você nega totalmente dentro de si, a sua opnião deve sempre prevalecer para si, e não para a pessoa... São aqueles raros momentos das relações de hoje em dia aonde você não suspende seu juízo, mas eleva ele sobre o da pessoa e apenas descarta os conceitos do outro, ou mesmo adiciona a lista de conceitos inválidos, e segue adiante com um 'notável', ou 'se você pensa assim...'. Discutir é ótimo, mas em certos momentos os egos se chocam e não vale a pena em prol do bem estar entre as pessoas seguir adiante com a desavença. E isso é tão raro de se achar... Eu achei um dia, em uma pessoa, e isso definitivamente não se achar o certo sempre, é simplesmente saber o momento aonde não vale a pena prejudicar os laços por um entrave argumentativo... As pessoas sempre exigem que você pense como elas, mas isso simplesmente não é possível... Cada qual é único em sua composição. Quero alguém assim denovo para mim... O caráter da pessoa é sólido, seus valores são verdadeiros e não precisam ser postos em discussão, a pessoa realmente ama o que pensa, tem fé, e não permeia num mundo de dúvidas e argumentações. O faz por mera contemplação do outro, e não por opção. A opção das pessoas assim e ser ela mesma, e não achar que o seu ser é superior ao dos outros, apenas é diferente, e a pessoa aceita e entende isso. Essa pessoa que citei foi assim comigo algumas vezes, mas tentei tanto força-la a ser eu por ego grande demais, mesmo vendo que já erámos um só, que perdi o valor que essa aceitação entre os egos tinha para a relação. Isso é se entender. Ninguém se entende nos dias de hoje, as pessoas e seus ideiais se tangenciam, entram em rivalidade e se perdem... Se aturam... Pois seus egos jamais vão aceitar as imperfeições que os outros sempre terão. Então todos vivem numa tensão perpétua. E um dia tive alguém que eu sentia que não precisava aturar os defeitos, pois os defeitos da pessoa eram agradáveis, os dois aceitavam as imperfeições do outro e entendiam que eram meras circunstâncias, atitudes mal elaboradas, coisas do acaso do ser; mas como eu disse, tornei meus defeitos que sim eram aceitos, por um jeito insuportável... Tudo minha culpa. Mas quem sabe, no fundo, lá no fundo, essa pessoa também entenda que, por mais que seu ego forte como o meu não aceite tudo que sofreu, e ainda mesmo que o meu ego queira ter essa resposta, ambos sabem que são e foram um só, que sim, se entenderam.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Carnaval

E quando não se pergunta mais sobre as verdades da pessoa, e não se importa com a máscara interna que contradiz tudo que está ouvindo, que você vive o carnaval... Uma modinha aonde conta o que acha que é, ouve o que ele acha que é, e apenas decanta os juízos... Abre seu coração para o momento, e esquece que algo vai se insatisfazer com tudo aquilo, para que a festa não acabe, e seu coração se entregue (pareça) e o sorriso flua sozinho e sem precedentes... Felizes são os leigos, que mal escutam a voz do juízo pra viver sempre alienados na festa de seus corações que filtra tudo pelos olhos do palhaço, que sempre sabe ver graça nas coisas boas da vida... E tristeza nas ruins, assim, normal, e não misturado. Ele pode até cair aqui dentro, e te dizer que mesmo cercado de sorrisos, fantasias de colombina, querubins e arlequins, paetes, brilhos e danças, você ainda está sozinho, mas consegue viver aquele momento de uma farsa tão boa de se encenar...

Fantasia

Quantos de nós andam fantasiados de humanos racionais por relações fantasiosas criadas apenas para o próprio bem estar... No final das contas e no começo das tentativas, tudo só está realmente vivo dentro do seu imaginário, o resto, são só impressões, mas seu picadeiro sempre é você, e do alto, você brinca seriamente de imaginar as coisas sempre crendo que sim, elas são assim, mas elas nunca são... Alguém vive a realidade? Para isso ele teria que estar fora de si, fora do seu palco realmente tocando o mundo e não apenas o vendo de uma caixa... Então, somos todos artistas do nosso próprio show. Fingimos situações de amor que só são completas e incompletas dentro de nós, odiamos quando colocam nossa ilusão em risco, mas nos odiamos muito mais do que o semblante e as palavras que acusam o outro, pois no fundo, agente sabe a verdade, e sofre quando alguém mostra para nós. Situações imaginadas, possibilidades que no fundo sabemos que são impossíveis, todos usando máscaras num grande circo que é o mundo. Quanto pior você está, mais usa da máscara de que tudo está bem só para não dar o braço a torcer. E quando resolve falar, quer mesmo a atenção de alguém por estar carente e precisa ver a máscara de compaixão. E essa, por dentro, sempre usa a máscara de 'como estou melhor que ela', que esconde 'eu queria isso'... Quando se está feliz e o sorriso perpetua sobre o rosto, alguém lá dentro diz 'quanta idiotice' e outro alguém diz 'nossa isso foi tão engraçado' mas no tom certo de uma novela encenada.. E o entrave entre suas máscaras nunca para, aquela que sorri, e a que se entristece, quando uma está exposta, a outra necessariamente está escondida, porém o mais triste é entender quando as duas existem e ficar sem saber, sem ver, sem perceber, se a máscara sincera é a de fora, ou a de dentro...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Cultura Brasileira

A sociedade desde muitos séculos atrás vem caminhando para um 'embranquecimento' social. Todos os valores se converteram católicos, e a maior parte da sociedade acredita em um mundo irremediavelmente americanizado. O Brasil é um páis privilégiado pois dentro de sua cultura tão impregnada dos estrangeirismos, possue todo um aparato particular e únicamente brasileiro. Folclore, o culto de santas padroeiras brasileiras, as festas amazônicas e paraenses do Boi Bumbá, os bonecos de olinda, o maracatu, o frevo, a timbalada, a capoeira, o umbanda, quimbanda, o baião e o forró; são todos produções abrasileiradas de uma mistura ponderada entre as origens Brasileiras e a influência tênue do exterior, que não caracteriza esses produtos da arte brasileira, mas muita vezes é caracterizada por eles. O funk por exemplo, é um dos estereótipos musicais mais vendidos exteriormente como sendo a batida mais atual do momento. E suas fundações são particularmente brasileiras. Com um jeito próprio, o Brasil sempre quando está em uma busca artística, se volta para o que há nele próprio para depois exportar termos e definições. Seja olhando para uma crítica social, seja olhando para os amores de verão particularmente brasileiros. Explicando melhor, a beleza nacional produz-se do utero brasileiro, e apenas nele tem suas raízes, mesmo que no final das contas a denominação possa ser americana, como o hip- hop e o forró, que tem sufixos no for all, nome dado por americanos, mas que quando se encontra no brasil, tem todo um ideal, visual e atitudes particulares. Em nosso país não vivemos mais de configurações do externo, o que ocorre na maioria de países desenvolvidos, aqui acontecem produções internas que englobam e são englobadas pelos países desenvolvidos. Porém, em todos os casos, o toque brasileiro sempre é mais visível. Até quando se tratam de tribos, as diferenças por mais que almejem ser iguais, são visíveis desde o meio de vida até o tipo de pensamentos. Mesmo aqueles que mais se alimentam de cultura exportada, possuem em seu ser a intrinseca forma brasileira de se relacionar com o mundo. Em poucos locais do planeta um apreciador da música erudita se preocupa com a política, mas no brasil as discussões mais acirradas sobre as condições do brasil, mesmo que críticas, são feitos por essa dita nata intelectual que não se alimenta do popular. Enquanto isso, os de fora, realmente vivem apenas o circuito das bandas e nada além. Sem falar nos modos de vida brasileiros, os formatos particulares de encarar problemas da massa como sendo apenas problemas, e não privações e desgraças. Mesmo que esse comodismo seja tão critícado, é o que mais faz o brasileiro ser o povo mais feliz da atualidade, cada um em seu consenso com a situação financeira, todos alcançam a felicidade plena das melhores e maiores formas possíveis, enquanto a maioria dos que tem tudo para obter alegria, sofrem de casos e casos de suicídio, depressão e traumas. Hoje, trauma para um brasileiro, é não poder ter o seu momento de descontração com os amigos, não para afogar as mágoas, mas para celebrar a vida.

domingo, 14 de outubro de 2007

Cinema Americanóide

Vendo um filme típico americano hoje, me dei conta que o gosto por essa linha vigente de cinema no Brasil, para mim, é caracterizada por um gosto muito mais crítico que contemplativo. É evidente que alguns roteiros marcam nossas emoções por possuirem elementos de interesse próprio, como Vanilla Sky, Beleza Americana e Donnie Darko, que muito diferem do cinema hollywoodiano clássico. São histórias cativantes por deixarem seus pontos de vista políticos decantados pelo decorrer da história, dando espaço para que os personagens, diálogos, e o roteiro em si superarem as concepções políticas subliminares, presente nesses também, mas como eu disse, num meio muito mais decantado e secundário.
Tais gêneros de filme fazem uma desconstrução dos estereótipos americanos, dando chance para que o enredo, a fotografia, os personagens, os diálogos, as cenas em si, sejam o maior destaque e não a constante exaltação do meio de vida americano. Por mais que, mesmo nesses, uma analogia semiótica possa ser percebida por telespectadores mais atentos, essa ainda perde fronte ao eixo principal do filme, que não é exaltar, mas puramente contar uma história. Agora no caso de clássicos de popularidade, a previsibilidade e a exaltação dos valores capitalistas e totalmente visivel. Comédias aonde o mundo, ou seja, tudo que houver ao redor, irá conspirar para que algo de errado na vida de um americano, mas que no final os personagens principais, ícones típicos da sociedade americana, sempre se dão bem. O mesmo acontece em romances, por mais que fujam de uma linearidade nesse contexto, a vida e as ações das personagens são sempre invejáveis. E quando não o são, o doce destino ianque sempre faz tudo dar certo. Em filmes que procuram emplacar uma moral, essa moral sempre acaba caindo em algum conto clássico de ajude e será ajudado, e não ajude pois é a melhor coisa a se fazer. Sem comentar os poucos do circuito principal que se aventuram em terras distantes. Vendo Diamantes de Sangue estrelado pelo Leonardo di Caprio tais conceitos ficam claro. Sempre, quando se escolhe um enfoque para contar uma história, qual personagem a ser principal e seu drama, automaticamente você forma um ponto de vista sobre os outros personagens que será basicamente dado pelo protagonista. Nesse filme há uma guerra civil desmedida entre africanos contra o sistema e o poder militar do país que tenta conter a ação revolucionária. Em ambos arqueotipos, não há mocinhos, todos só querem matar. Em volta de uma situação caótica a ser explicada e passada como mascaradamente impossível de ser remediada, o clímax dramático do filme fica guardado para o momento aonde Leonardo, um vigarista, e a fotógrafa que não faz nada além de procurar sua história para retratar e não para ajudar, quase se beijam. Após mostrar os negros como animais em uma luta infindável, o próprio militarismo americano no país se corromper pelo diamante valiosissimo que é o eixo do filme todo (capitalismo). O retrato que fica da sociedade africana é de desordem, violência, e inocência. Enquanto as personagens americanas praticamente passeiam sobre o caos sem se contaminar por qualquer sentimento puramente explícito de compaixão com a situação. E esse é apenas mais um exemplo da supremacia americana veiculada em todos os meios de expressão atuais... Tenho consciência que esse não é um assunto realmente original, porém tantas vezes se esquece a importância de ao ver e gostar de um filme desse cunho, ter a consciência que o gosto realmente aparece na crítica; por ser uma visão tão absurda nasce em mim uma sensação de dividir os absurdos que a cultura atual faz com o mundo, e é feita pelos Estados Unidos da América....

sábado, 13 de outubro de 2007

Definição Científica do Popularmente Conhecido por 'Carão'.

(tudo iniciado por maiusculas, e com direito a aspas SIM)

Bem, melhor começar por 'bem' que já acontece dando aquele ar de intelectual mas totalmente insultante a qualquer contraposição, bem, novamente, definir o divulgado carão dos dias de hoje é algo realmente supremo. A música o invoca, arranca de dentro de si uma superioridade e um nojo inexplicáveis. As roupas estão todas fora de moda. Tudo cópia. Os cabelos desarrumadérrimos, testas suadas, rodelas terríveis por debaixo dos braços, os corpinhos tão trabalhadinhos e tentando uma perfeição mascarada por uma doce cobertura de glacê a lá Louis, Armani, Dolce; pézinhos mal feitos e enrugados esncondidinhos em seus Pradas e as enfadonhas Guccis desfilandos pelos traseiros fartamente abrasileirados. A luz jamais o cega, jamais, seus olhos brilham muito mais se você realmente o é. Dancinhas totalmente absurdas e envergonhadas-robotizadas. Eles sempre olham para os lados com um olhar clássico de Gazela fugindo do predador. Sua periférica grava alguém fazendo careta ao tragar seu mentolado Benson. Pose é uma coisa demodé e péssima, carão sim é a única verdade. Careta?! Fumaça nos olhos? Fim da comunicação e aquela parada tenebrosa de averiguação do ambiente que, por mais que tente escorregar por cima das pessoas mas sempre caí em algum ponto, algo sempre chama a atenção dessas pessoas. Seja um babado, seja um coque, seja um grito, seja um lunático descendo até o chão atrarracado a amiga num misto de lambada e bebedeira, seja o copo que o lembra que você está com sede, sempre, sempre SEMPRE, eles perdem o foco por alguma coisa. Aí depois de já ter botado tudo água a baixo, se empenham da maior sorte de biquinhos totalmente insólitos e sem sustância virando a cara para sua rodinha e procurando uma sociabilização imediata, para dizer 'ai que fulana ridícula'. Queridos, beiço seguido de comentário não é beiço, é inveja. Beiço seguido de qualquer coisa é atemporal, out, caído, fake, inútil. Aí finalmente, alguém chega para comprovar minha teoria do 'carão' (eu por exemplo). Copo, ou não em uma mão, cigarro na outra, mas nenhum dos dois realmente estão lá, você não os vê. Você jamais olha para as pessoas, verifica como eles estão, elas SEMPRE estão do jeitinho que eu descrevi. Mas você, aliás, eu não. Posso preencher algumas das caracteristicas, mas o carão e de quem não se atém a esses meros detalhes, não comenta, não fala, se fala, fala sobre a política de comércio externo da Tailândia ou sobre o último desfile ridículo (sempre) da Donatella, ou qualquer outra fornecedora, veja bem, fornecedora e apenas nada de idolatrias modistas, isso é para eles. A moda só produz algum alimento, e não nós que nos alimentamos de moda. Enfim, o olhar é curto e não avalia nada pois já sabe as notas que dar, de -0.25 até um 4.5. Você, eu, jamais se encaixa no 10, jamais se encaixa em uma nota, eles competem, você pisa por cima. Em camêra lenta, um giro de 180 graus passa por todos os seres dali sem JAMAIS se ater a um, a boca levemente se abre em um beijo falsérrimo, e os dentes serrados marcam seu maxilar. Ao fim do percurso pejorativo, os olhos piscam lentamente, o rosto volta para a companhia e um sorriso com o canto esquerdo já esboça "tudo está uma merda nesse mesmo lugar de sempre como sempre, e eu, você não sei por que apenas me acompanha, estamos fabulosos", uso da palavra tão brega por que nesse momento, você tem que envolver sua companhia nessa recíproca do ódio mortal por gente. De costas, sempre e por todo o sempre, você jamais fixa seus olhos em um ponto, as vezes ri escarnosamente com sua companhia, de nada, apenas para compor o visual de "você está me olhando? eu nem estou aqui!". Nesse momento então que o rictus deve se formar e não largar por nada neste mundo de seus lábios, e bate o pé esquerdo sobre o chão enquanto a cintura lentamente desliza para a direita. Um trago lento e marcado com a música. Um pouco de ombros. Um pouco de pernas. Nada de mãos, apenas quando num surto músical realmente raro em uma balada, você ergue o braço e pede por mais três vezes apenas para o dj. O semblante? Não preciso dizer nada. Congelado. Os olhos evitando qualquer contato não por querer evitar, mas simplesmente por que não há ninguém ali. Viu a Cicareli? Repete o movimento. Dentes cerrados, lábios semi abertos, olhada curta, sorriso sarcástico para o acompanhante, e só. De costas para todos. Vai se desclocar, antes para, traga, vira-se, e desliza por dentre as pessoas, jamais olhe para o lado, para cima, para baixo, ou para trás para conversar com o amigo, você está andando, não digo desfilando pois é total demodé, quem desfila é modela e na passarela, o resto é cópia. Os olhos ficam fixos num ponto vazio no horizonte, não na porta pois parecerá que está aflito, apenas vazio, compenetrado, direto, imutável. Reencosta sob o bar, e faz apenas uma vez o olhar seguido dos passos já definidos, depois se volta para sua companhia e fale sobre algo que jamais tenha a ver com tudo aquilo. Se não há companhia, você olha para sua bebida, seu cigarro e de momentos e momentos encaraza fuziladamente alguém sem sorrir nem expressar ninguém, de preferência o que ali no meio pareça merecer o 4.5. Mesmo se não for nele, é necessário asssutar a pessoa "nossa ele está me olhando" o rosto esperado no outro é este. Vá embora cedo, mas deixe claro que está indo embora, olhe no relógio, ou depois de uma sequência incrível de dança pare, e faça a melhor cara de "que música ridícula" e vá embora. Fim, carão de verdade é isso. O resto é tentativa.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Música....

Qual seria a explicação correta do efeito que a música causa em nós... Qualquer uma que fosse jamais poderia tranpassar para palavras a sensação real que é ouvir a sua música... Aquela, que entre tantas você jamais se cansou de ouvir... Ou aquela outra, que logo na primeira vez, te deixou assim, apaixonado... Os músculos pouco a pouco se relaxam, a cabeça se esvazia de pensamentos, agústias, desejos, sonhos, concretudes no geral para dar lugar a um torpor infindável e inexplicável que toca sua alma... Toca sua alama... E a faz simplesmente parar. Parar para contemplar cada segundo perfeito que é sorvir os sons, as batidas, a melodia, os acordes, seus nuances, a voz;, todos os componentes que a formam deslizando tranquilamente por seus ouvidos excitados, e dos ouvidos para os olhos que brilham emocionados, e dos olhos para boca que se permite abrir sozinha alguns poucos centímetros numa surpreendente satisfação, e da boca para o corpo e do corpo para sua cabeça... Um arrepio doce se escapa e se desenrola por todos seus poros esvaziando toda a tensão e o ar ao seu redor parece dançar sobre sua pele conforme a música os enlaça e rege. Seja triste ou feliz, nostalgica ou sonhadora, não importa com que sentido ela te toca, só importa que o mundo todo para só para você ouvir...

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Nostalgia...

Lembrar-se é algo tão transcendental... Voltar a imagens e locais e momentos que nos marcaram faz com que a alma se envolva em uma nuvem doce de felicidade tenra e contemplativa... Por que você pode estar tão mais tão distante de tudo aquilo, que nesse momento, é como se você estivesse exatamente lá, naquele dia, naquele segundo, naquela emoção, vivendo tudo denovo aqui dentro... O que seria de nós se não nos lembrassemos das coisas boas...O amor é a maior nostalgia, pois até quando se está junto, ficamos alternando em lembrar do que foi lindo, sorvir o que naquele momento é bonito, e sonhar com o que a pessoa poderia falar ou fazer para nos deixar mais e mais e mais.... E assim vamos todos indo, com suas lembranças guardadas dentro de si, com seus segundos marcantes, com nuvens róseas que criamos para poder pousar sobre elas e deslizar por dentro de si mesmos em um caleidoscópio de mil e uma vidas, criadas, vividas e criadas, lembradas, lembradas e criadas, e por aí vai....

domingo, 7 de outubro de 2007

Sociedade!

Esses dias estava pensando eu sobre as coisas do mundo capitalista... O sistema acaba fazendo com que tantas pessoas sejam obrigadas a viverem sempre em uma procura incessante do consumo. O tempo todo as felicidades, infelicidades, realizações, e todo o mais, depende do 'adiquirir'. Todo o mundo sempre só visa ter bens materiais e acumular mais e mais. Passam suas vidas todas trabalhando para tecer uma estrutura em torno de si uma edificação de itens capitais e perecíveis. Compram, acumulam, adiquirem, consomem, e gastam todo o seu tempo visando sempre ter mais do que tem. Quando percebem que já conseguiram tudo de material que poderiam ter, casas, carros, festas, viajens, artes, tudo que é então classificado como superfluo realmente se torna etéreo para a pessoa, pois ela simplesmente passa a não dar mais valor as coisas que tem e ninguém mais tem. Já o contrário ocorre com aqueles que vivem na dita 'miséria'. As populações carentes encontram a felicidade e a satisfação nas coisas mais simples da vida, como uma cena de novela, como um almoço entre seus familiares, as vezes mesmo uma ida única ao teatro que os marca para toda a vida e nunca mais se esquecem daquele momento. Todo o dito 'supérfluo' que eles não possuem, por ser algo sempre almejado, os torna muito felizes em apenas querer ter aquilo mas não ter para comprovar que o que não é necessário, um dia sempre enjoa. Enquanto essas pessoas ditas desfavorecidas pela sociedade sonham lindos sonhos de riqueza, realização profissional, luxo e gastanças desmedidas, aqueles que o tem, já não percebem valor nem felicidade em mais nada, pois o clássico ditado popular realmente tem sua realidade: não à mel tão doce enquanto não se sabe o amargo sabor do fel.... A pessoa afortunada desintegra seus valores de felicidade, perdendo totalmente a noção de o que vai realmente agradálas para se aprisionar em um querer eterno que nunca se satisfaz. Enquanto os pobres, tem a felicidade verdadeira e conquistada desde os pequenos momentos e os grandes momentos. Tudo, enquanto bom, é ótimo para eles, e tudo para os outros, enquanto ótimo, é apenas o mesmo.

Mais um pouco sobre meu amor...

Amar foi tão completo pois as almas se conectavam... Os jeitos se confundiam... A dinâmica do ser estava misturada ao da outra pessoa, e em tantos momentos eramos um só que simplesmente não percebiamos......

sábado, 6 de outubro de 2007

Falar sobre o que então.... Hoje, eu decidi tecer a respeito do amor. O amor é algo muito mais vivo em nossas lembranças, quando nos prostramos a dedicar momentos em torno de uma nostalgia gostosa e boa de se exercer relembrando daqueles que amamos, as coisas se tornam simplesmente boas e tranquilas. O amor em suma vive mais no nosso próprio intelecto do que dentro da realidade. Quando se está junto, esperamos atitudes da pessoa que imaginamos, interpretamos gestos simples como sendo feitos só para nós e para a nossa satisfação, agimos como achamos que a pessoa espera e do jeito que, em nossas mentes, a pessoa irá se sentir bem e grata por estar conosco. Então, basicamente, os pensamentos são todos circundados por um ambar pleno de felicidade em querer, almejar, e fazer crendo que para a pessoa, exclusivo dos pensamentos. Tudo, para a pessoa, em direção da pessoa, e isso que acaba resumindo nosso querer naqueles momentos, proporcionar para nos mesmo a satisfação de ver o outro satisfeito conosco. E não há nada que se compare a isso. Tudo, tudo mesmo, no decorrer de nossos dias e atos, sempre está visando o nosso bel estar. O nosso querer. Os nossos desejos. Mas a verdade pura e emocionante do amar é exatamente isso, querer algo e amar algo por simplesmente amar, por puramente querer fazer bem a pessoa. Assim, a felicidade nesse único momento que é amar fica restrita ao outro, pois só nos tornamos felizes se a pessoa está feliz, se a pessoa corresponde nossos atos de uma forma positiva, e não se nós, se o nosso egoísmo, corresponde de uma forma positiva. O ser se confunde com o outro ser, pois ser sempre é ser si mesmo, e quando se ama, o ser é querer ser o outro, mas não para viver a vida da pessoa e ter as coisas que ela tem, como uma inveja, é querer apenas observar, sorviver tudo que a pessoa diz, faz, pensa para você. Por que tudo quando se ama, é feito pela pessoa e não por você. Por mais que você sinta uma felicidade em sentir o amor, essa felicidade consiste basicamete em querer ver o bem da pessoa e não o seu. O "seu" passa para segundo plano, e você só espera, espera em uma angústia as vezes terrível de querer demais que a pessoa olhe para você com os mesmos olhos. Por que você quer tanto a pessoa por perto, dentro de você, que as coisas ao redor e os sinais que troca com ela não influem no que você sente. Você apenas sente. Sente e quer que a pessoa sinta o mesmo. Pois para você, lembrar, pensar, imaginar, conversar, tudo com a pessoa, é tão gratificante, que na realidade, por mais que você não transmita isso na ansia de querer que ela te ame como você a ama e não conseguir (pois o jeito de cada um amar sempre é particular), acabamos nesse torpor que é o amor, sendo de um jeito que as vezes parece hostil. É como uma frustração, dentro de você há tanto amor e tanto carinho para ser dividido, uma vontade tão pungente e edificante o ocupa em simplesmente querer amar, que você não consegue mostrar isso em palavras. Apenas espera. O olhar, o imaginar, o lembrar, todos, tudo com a pessoa, é uma espera doída, uma espera que não tem fim apenas de uma forma. Essa espera consiste olhar para a pessoa perto de você e quer muito que ela faça algo que você imagina mas que não sabe o que, que vai realmente concretizar o amor. É como se algo sempre estivesse faltando mesmo quando você já tem tudo que a pessoa poderia te demonstrar sendo amor. E esse algo que falta se revela quando ambos já não pensam mais no amor, um não fica apenas querendo mais, e outro se frustra por estar tão bem como está mas não suporta o jeito do outro de sempre querer; neste momento, o sentimento decanta em um nível brando de contemplação, não um observar sorvindo cada palavra como se fossem um canto, e nem um esquecer-se e entrar afundo numa relação, não, o amor real se revela quando tudo isso fica de lado para que apenas os corações se conectem, e as palavras demonstram que ambos estão simplesmente adorando tudo que está sendo falado, dito, trocado, partilhado, o sorriso internto fica latente em ambos corpos, e uma aúrea de intimidade envolve os dois como se conhecessem a séculos. No meu caso, nesses momentos, eu esquecia que amava e apenas achava perfeito o olhar, o sorriso, o jeito, as palavras, e ele, amava meu jeito de concordar, de sorrir, de apenas estar ali. Nenhum dos dois persistiam em se angustiar com o que viria depois, ou com o que deveria ter vindo, ou com o que estava acontecendo; as vontades, os sonhos, os conceitos davam lugar a plena sensação de estar com alguém que você gosta e ver que, se gosta ou não, nesses momentos não importa, pode ouvi-lo e ver que ele o escuta. Então nada mais importa. Embebido pelo momento de estar junto sem dar chance para a dúvida ou para a contemplação, você apenas relaxa, esquece de todo o resto, e realmente ama, por que esquece o que é amar para sentir... Amar é uma palavra, cheia de recheios e conceitos e medidas e reações esperadas e não esperadas, por isso limita o que é senti-lo; sempre está na essência de uma palavra uma forma, e quando você esquece a forma de amar, que você realmente ama... Você não espera, mas se satisfaz com o sorriso da pessoa, você não força uma idéia, mas a vê se transformar em palavra e realmente tocar a pessoa... Nesses momentos tudo se torna completo, e o amor realmente deslizam pelos corpos. Porém mais certo que esses momentos, só aqueles em que você está em silêncio... Quieto... E simplesmente não espera que a pessoa diga nada, e nem a pessoa espera algo de você, então vocês apenas se enchem de felicidade em estar juntos, lado a lado, ele ali e você ao lado, realmente envolvidos no amor, sem precisar dizer nada, sem se preocupar com nada... No começo de toda quietude pode haver alguma dúvida, mas se você realmente ama a pessoa, elas se perdem e dão espaço para um nada preenchido de felicidade, um hiato feliz que é saber que a pessoa está ali e você também. Os corpos nesses momentos que são os únicos a ficarem desejosos, querendo demais ter o outro abraçado, mas a mente sabe que não é isso que vai melhorar o momento, que apenas o estar junto já completa tudo.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Vida Simples!

O que escrever então depois de tantas coisas que aconteceram.... Dizer que as coisas não acontecem, mas agente que acontece nas coisas. O mundo sempre é do jeitinho que você quer que ele seja, independente de qualquer coisa que possa demonstrar o contrário, mas não passa de um sopro, um nada, um pingo comparado a força que a nossa cabeça sempre tem perante todos os fatos que possam acontecer. Sempre, sempre você pode superar tudo e continuar vivendo e isso que é o mais importante, o resto é só conversa, é só piada, e por isso sou feliz! Sei que os tempos os ares as vidas e os mundos andam mudando muito, mas tenho certeza de que eles nunca estiveram parados, estavam sempre se mexendo, agora eu tenho consciência disso apenas isso. Ando perdido em pensamentos que parecem atrapalhar minha vida, mas no final da conta não passam de pensamentos,