domingo, 6 de dezembro de 2009

Mantenho-me correndo veloz do ontem e perdido no amanhã, sinto a dor do meu ser. Hoje, foi nada além de mais um que tentou de tudo para poder no final, simplesmente ter passado. Abstenho a rédeas curtas ler o já dito.
O vazio de ter somente este momento para sentir sem ter que sentir, clamo então pela melodia de uma música qualquer me adicionar como nota em seu passeio musical compreenssível, tão mais que eu mesmo. Se possível então, leve tudo que sou num timbre de sua canção, que seja numa frase de sua letra então; bastaria ser uma vogal perdida entre as outras, me carregue com sua melodia aonde achar que caibo de certo!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pemitir-se como nunca antes, mão, caneta, tinta, papel, idéia, sem isso e aquilo, somente um fluir do espírito em vocabulário português-brasileiro meu, nosso.

Escorrego pelo conto de um momento-sentimento-idéia que não foi premeditado e mal quer dizer algo, vai entrelaçando nos entremeios de uma boa e simples poesia, pretensiosa, para pouco para acabar decidindo tanto sem a culpa do antes-repetido, sem a cobrança de inovar o agora,

Vai e somente vai até o coração sentir que chegada a hora de parar, os dedos já desistiram despreocupados em obedecer qualquer coisa aqui de dentro.

Afinal, eu poesia, vou, voo, caminho, cirando, pulo, berro feito brisa e redemoinho,
nunca quis nascer para ser de quem me escreve, nem desejo ser deste papel ou mesmo de olhos curiosos, sou toda de todo, dada ao Universo como presente achado, desarmada de intenções, feitinha para dançar e bailar e logo assim, acabar dando chance a próxima bailarina de tinta preta; e se assim prefiro, ah eu continuo, persigo meu interprete e persisto em existir só mais um bocadinho.

Sobre meus escritos

Fins de tão próximos
do começo chacoalham
olhares atentos e terminam
num ponto com o
desejo disperto de prosseguir
-e entender.

O que causo e me é causado
o que queria causar e que
me causasse, mas a causa
é somente uma:
ser explicado.

Há superfície, o evidente, tudo que eu mesmo um dia disse, o que é e já sei e o que não percebo, portanto
invada o que me é desapercebido. Se um dia falar de mim, e que eu negue, pois isso, vai caber apenas a você entender, para que eu precise tê-lo ao meu lado.
Nunca esqueça isso.

Debulhar o trigo

Terra de cores, comes
ela mesma morre os filhos
botados por esforço no
seu corpo, plantados
em sua pele, andando
sobre as partes até
o dia que ela, Terra
decide o fim da forma
e a muda a esmo.
Esse, irrefutável, o acaso
de suas decisões para tudo existido, inventado
perfeitas para não sangrar o coração.
Entregar-se de brços dados com o precipício mortal de minhas idéias postas no papel, caladas pela falta de testemunho.
Enganar-se de que com longas braçadas posso arrancar o torpe que toda dor mundana me causa-me.
Condicionar-se a um constante anestésico criado e justificado em tudo que soa doce demais.
Fazer-se acreditar que o "alguém" insistente em soprar aos meus ouvidos que isso e aquilo escrito não o agrada realmente existe em algum lugar (sou eu)
Prometer-se de mundos e fundos, cumprir estritamente o necessário e insistir na perturbação do irreal, do 'algo' que está por vir e que tudo enlaça; não me engano mais bem sobre isso, nunca me enganei.
Evita-se reordar que evitar o limitar é o fato, sua beleza é credito divino aos dias bem vividos, ou não. Sim. Não há não.


...e o sono leva e trás o Universo!

domingo, 2 de agosto de 2009

Começo notável, constato meu estilo, sinto a congruência, prevejo, frustro, fujo.

Escritos dum caderno universitário esporrado por mim entre as páginas do final. Esteve comigo por tuda sua curta vida de 6 meses em Brotas, interior de São Paulo, aonde moramos juntos numa bonita igrejinha e o escrevi todo nas noites após as dez.

O ganhei de Daniela, uma médium.





Fatos, meu caro, fatos.

E olhou no longínquo do céu inquirido porém quieto. Dúvidou, apoquetou, doeu, uivou sozinha no seu anonimato imposto e querido

imersa no interno sem superfície nem fundos
até o eco resistia em responder suas súplicas copiando
ninguém, nada, fim, perda é definição
enquanto o dedo de quem nega age nela
como age no todo; tão mais do que no demais
pois de longe, bem de longe, que se aprecia a
verdadeira pintura, a causa ignóbil e linda
do céu e do sol não chegarem em nossas mãos
mas brotarem de dentro venerando o de fora
Sempre, eternamente, amando de longe.
Pois a distância e a tangente, são descrições
e disso, nós é que entendemos.
Mas ele, ele sempre soube de tudo mais e
de um tanto que nunca caberá em tudo.
Música que os ouvidos sopram fora
pois já acompanharam demais meus ventos
sonhos que não se entende mais qual era
o sentido que lhes deixavam tão próximos
Um albúm cheio até a boca com fotos soltas
cartas e papéis escapando pelas arestas
notórios notáveis, segundos para mim
jamais vividos antes, quem sabe
hiatos que criam o terror e imaginam
o céu , e tudo que aqui há de lá.
Remete algo, a vontade hospedeira
meus olhos injetados, orações me amam
e expurgo a tensão para fora.
Deito sob as folhas, disseco o agora
numa tentativa inconscientemente desesperada
de negar o passado, e culpar o futuro a outros.
As vezes medo, as vezes culpa, insatisfação outras
corrijo, realinho, retorno, prossigo
A ordem as vezes me deixa adivinhar o que será agora
desestruturar tudo é um pesadelo querido
Do quente ao frio, passeio e sou conduzido pelo ser
Entendo demais, e é assim que deveria ser.
Me assusto com a porta atrás de mim
fechando meu grito fora de casa
Tanto que pode passar e estar nas janelas
me convence a prosseguir, mas essa escolha
somente o é, a palavra não cabe aqui
Continuo pois o que não parece continuar
é assim pois assim achamos, e só.

Método meu, e Metodologia Literária

Descritivas intermináveis atuando sentidos e suas correspondências
incertezas que não acreditam muito no que irão falar, mas uma
excitação frígida com tudo isso: sei que quero-as, mas quanto podem
me erijecer?

Fugir em casos assim da inerte, súbita e corrosiva pluralidade e seus
inquéritos é tão paradoxal, afinal, tecer sem rimas legíveis e obje
tividade o aparta da escolástica. A meta obscura é
tocar mais fundo o máximo, até quando faz-se uma lista de compras,
algo quer ser lido. Até os segredos querem achar olhos mais vis
ou que padeçam as mesmas frases...
Sentado aonde na mesma casa nunca sentei
abro mão da angústia de escrever algo novo
relaxo os ombros e não resolvo nessa frase o que está por vir
certas coisas queimam por dentro pedindo, implorando
aos olhos que possam ver algo inexistente
um eco soprado aos ouvidos que dá medo e excita
lembrando do que não ouve. Um velho espírito,
desejos partilhados com o ar, terra suja nas mãos
lave hoje, haverá mais para limpar amanhã, e o cheiro
de algo quase novo sempre vai arrancar um sorriso
elucidações conturbadas confundem e somem
numa constante alternancia, navego em mares
feitos de coisas feitas, inventadas e entendidas
como eu, mas na igualdade, não se entende tudo
sou grão e universo em segundos, então o que me
faz assim, é mar, jangada, eu e ele...

Can you help God to be more faithful?

sábado, 18 de julho de 2009

Grande Boca, Grande Bola

Cala-te boca, exijo a mim sempre almas
se roçando pelos olhos, perdendo sentidos
e escavando misérias, doces podridões nossas
que os estilhaços abocanho, mastigo, engulo e rio;
arroto meu sarcasmo em sua fronte ignóbil
aos maneirismos de alguém que se deleita com suas feridas
pretende medicá-las, mas pelo cativar
escorrega a ponta da língua sobre seu sangue estagnado.
Em sua inocência, preve um adorador de si
que enraíza seu ego na fraqueza alheia
ou até um adoentado da mente empático a beleza, quem sabe um cativante invertebrado
Deveras o aviso, engana-se até o pescoço pois o topo lhe falta
Meu mal para você, é meu ser a mim, e o encanto do meu jeito:
amo seu defeito, posso fingir que te beijo
ou cravar meu coração em suas unhas cheias de terra.
Só por que de tudo isso já sei um pouco;
e homicídio algum encolhe minhas bolas.
Quando letras reproduzirem o arrepio infinito
que não se define e não teve motivos
apenas veio e foi-se em dadas circunstâncias
inomináveis
tudo será assim, como sempre foi, prazeroso...

Lambendo com a língua do Coração

Bocas clamando um beijo
de ardor firme e doce
semblantes ávidos e forçosos
esmoecendo sob a persuasão
O toque vicia, e a lembrança
não divide outros cabelos
e odores.

Meus cílios vão até seu globo,
língua diz bom dia a tua virilha,
e de longe, já são um só
com dois pares cada
de mãos aflitas

Se pos fronte ao dorso,
se perguntoa:
penetrou o ar ou
empinou-se aos meus
olhos,
éis meu.

Faço com dedos, desejos, medos, almas e eu mesmo.

...e o hálito estranhamente saboroso
sobe por narizes que, estranahmente
agarram-se pelo gosto duvidoso...

a abotoadura
com força
engole
bem molhado
o molinete
sensual...

Quem nunca sentiu a boca enxarcar
de barriga cheia
desconhece o poder de Deus.

O Demônio em Todos os Amores Aonde um Só Ama

Perdido, descrente, ele veio e me deu asas
de penas longas e negras, sujas de foligem
feitas de lágrima e sangue desperdíçado.
"Voaria alto", me disse, não tanto; toda vez que pousasse
deixaria no chão as marcas de piche
dos mues pés. Nos meus amores, feito anzol
preso a boca de peixe que se salvou e agora
figa enganchado em tantos lugares da correntesa,
preferindo ter sido tragado dos mares,
eu deixo uma pena espetada no coração do amante só.
Me crio na fumaça da negação do outro, do amor,
bebo a seiva do choro que forço-te a crer
ser seu, mas sentida a sua lamúrifa e parafraseada sua dor
tenho teus seios sob meus pés, as coxas em minhas unhas
teu sexo vira minha fonte a brotar lírios doces
que me servem de alimento; as obsessões de amor.
de pernas aflitas a se roçar pedindo a dor da mentira
abrem as portas do teu leito triste para meu vôo.
Deixo sob lencóis, em seus dedos que acariciam o nada
nos braços a agarrar o vento, toda a poeira que não te
deixa esquecer de mim misturada a tua tez
apaixonada. Alivio-me
esfregando meus olhos terrosos no seu travesseiro,
tinto de nanquim paredes, unhas, cantos
no gozo do impossível, que um dia, me matou
Se a carregar, posso lembrar por alguns segundos
daquele amor que tive e jamais foi meu
Alguém que descalce meus pés
a descrença dos dedos
tudo, sempre, novamente
Lágrimas pelos dezenove que viraram vinte
o afago dado aos olhos por miragens
ponteiros escapando e estagnando
Há quadros que caem pelo caminho,
ângulos que jamais desistem do uso
e uma insatisfação infiltrada a pingar
em cada expressão.
Espelho de candura que não passa de uma imagem
eterno interno inconstante
achando e perdendo mudanças
Descaso com a diferença que, as vezes
não é mais um advérbio,
a ama assim, deseja quem a cumpra
sofre quando a abandona, estranha
se está sob rostos que acusam disso

Notável ,digo.

Pernas curtas demais
para tantas estradas
aonde podem ser virgens.
Frases que já foram frases
em bocas previsíveis.
Pontos sempre firmando
o mesmo ritmo que
não passa de meu,
e a tentativa clichê
de completar
com aglo esplêndido.
A insensatez
do convencimento
frígido em auto-
afirmar um talento
e constatar o oposto.
Assuntos que me
perseguem
o oásis por detrás
dos meus olhos de
uma simplicidade
frustante em amar
tudo que já foi amado
a alternância confusa
do deslize inevitável
numa adjetivação dupla
constante, tudo me esfria e termino com a poesia, insatisfeito.
Em cada vale das mãos, um amor pode pousar
e navegar em rios de deleite, a pele é assim
permeada de grãos prazerosos, esperando outros mares
para transbordar seu toque. Lábios são o encontro
entrelaçamos línguas, roçamos a tez fina que permite
estar dentro das palavras do outro. Os olhos permutam
sonhos, jeitos, seres, e de tão perto os cílios se tocam
com as frontes aspirando serem uma só... Sente-se
o quente no corpo do outro em um abraço que mal
se cabe no espaço, a ponta do nariz acarinha as
bochechas, a mão explora os cabelos da nuca
desbaravando o torpor que a cabeça guarda e divide com
o outro, ao mesmo tempo que recebe...
Grita para a morte, assusta-se com o abandono, sorri para o estranho, beija o sexo, morre no desespero, vive preso a um porto seguro de amor e sangue, jamais perde a tentação, tem medo, se vinga, chora a paixão, rasga-se de ciúmes, aflige a alma tantas dúvidas, não crê, sente seu cheiro e aí age, sem jamais saber.

Olha como se fosse único, perturba meus vazios não com o doce prazer mas com o açoite da necesidade
não é meu, pertenço a ele, logo, somos um.
Evoluído, esqueceu de ser para sentir, após tantos desenganos do espírito, foi permitido de odiar a vida para amar tudo que a forma, amar debulhando-se em lágrimas sinceras e solitárias, amar o sorriso esperado, amar o ódio demonstrado e sentido, amar o prazer próprio e não o método; salvos são esses que deixaram de pisotear sobre a vida presentiosos em serem criaturas de Deus que não precisam cair em momentos de angústia pois são crentes em si e na força que os guarda, mas assim, perdem para sempre o sorriso verdadeiro e a expressão livre das criaturas apenas, feitas como desabafo.

Enquanto quem espero respira o mundo, eu prendo um ar que amo e entendo por não saber explicá-lo, mas me vicia, uma branda felicidae resignada que espera por uma sólida inconstância indefinível.
Quando beija, não sabe como fez, era somente sua boca, os dentes batendo, o sabor azedo da saliva, os sons presos da garganta são ápices que não se percebem.
... e entende o amor, entende ódio, entende sexo, entende a dor, entende os anjos e demônios, entende a perda e entende vitória; entende o todo pois não entende Deus, teme e adora no momento certo, não apenas aceita tudo como se não fosse nada...

Eu, por Mim. 2007

Azedo, irritado, sensível, descrente, acuado, seco, quieto por horas a fio numa dor que jamais vou querer compreender, mas sempre vou tentar.
Complexa já que não se explica, simples pois meus olhos a sentem

Lágrimas ao leu, mentiras sob o veu do nada, do inexplicável sentimento puro em ato e pensamento.

Frases que se misturam quando numa díspare incoesão que nunca percebo, só me envolvo em seu hálito, concordo, adimiro e mato-me em deleite pouco a pouco por não conseguir mudá-lo, so me cabe acompanhá-lo;

seu ar ignóbil e tão mais crente que o meu convicto sem saber que tudo que há só é para ser vivido
A pura paixão da existência
só é saboreada por aquele
que perdeu Deus para achar a dor;
os demais deslizam por dias
que sempre parecem ter demorado
para passar, pensamentos
que escolhem o que ver
e a maldita consciência disso.
Somente quando as dolorosas perguntas restam
que sentimos a vida

Quando já não importam, o vazio não dói mais
e o terro de antes não passa de um franzir apático da testa

O verdadeiro apaixonado
perdeu Deus para achar a dor

sábado, 27 de junho de 2009

Duvidoso sopro sob a tez certeira, certeira curiosidade sobre a tez que é assoprada. Quem assoprou então se ninguém havia... ali?

Sussurado aos meus ouvidos; ausente porém do quente sob a pele sensível da nuca e do pescoço e das orelhas, sem o morno úmido de um hálito vivo . Não havia, e as palavras não amorteceram meus sentidos, essa história foi dada num sopro gelado em calafrio ávido e desperto. Ouvi atento e quieto cada fato, e os fatos me calaram. Os dias e noites me diziam, não fale sobre o que rouba seus sonhos e o enterra em sua própria cama... Apenas pensar em algo tão desesperadamente curioso decepava feito um membro minha sanidade, meu ser, meu eu são, cortado com um fio de seda tão fino que eu sequer percebia o corte estancado de sangue fresco... Não havia, o frescor e o alívio se distanciavam calados sem que eu pudesse, na verdade, sem que eu quisesse chamá-la de novo para perto essa paz. Neste mesmo arrepio em que eu me desconforto em noites calmas demais, era-me levado o sono, o descanso divino do sono, sobravam apenas meu corpo anestesiado pela delicadeza de seus dedos petrificados. Ele me tocava, me toca quando nele penso... E leva minha paz... E deixa meus pesadelos-lembranças... Cala por segundos minhas esperanças e me chama como criatura alguma um dia me chamou, tenta me seduzir levando meus sonhos, deixando incertezas, brincando em meus quadrados com todo seu atrevimento de interromper o que digo, o que penso. Ele veio, numa noite como essas noites de vento sobre rosto ele deitu-se ao meu lado e me disse seu signo, sua sina, seu destino, o meu destino... ? Apenas isso me mantinha ali, a pergunta, a constante dúvida de quem eu era em seu conto de demônios. Sua solidão era como a minha, e teu vazio doloroso porém tão infinito que distraia olhá-lo; sim, como os meus, destinos, dores e vazios. Então, assim digo o que digo que me disse ventando vindo do nada sob portas e janelas fechadas e mesmo tão assim frio em minha pele.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Grande Saída

E então me diz logo e de uma vez por todas, o que aconteceu? O que foi tudo isso de 'vida'? Eu queria ter uma arma que não quisesse explodir meus miolos, só para me manter segura de que você vai me dizer um dia o que tudo isso significa. Então, qual é a sua que nunca me mostrou nada além de alguns centímetros visíveis sem óculos? Qual é o seu problema em esclarecer o que há de duvidoso? Tanto trabalho em fazer tudo a minha volta, tanto esforço para me inventar sem nada dentro além da vontade de me criar, me criei e agora, me dê logo uma arma carregada, eu só quero ter uma arma nas minhas mãos e berrar para ela que eu não tenho resposta nenhuma, porra! Que porra toda foi essa história da vida? Quem aconteceu tudo isso em mim? Por que eu tomei essas decisões, se é que eu tomei mesmo alguma porra de decisão, me dá logo essa maldita arma e me protege, não, retiro o que disse. Não me protege. Você só faz as coisas do teu jeito... Me dê a arma e eu me protejo, olho todos os dias e a carrego quieta, agarrando os lábios, esfregando a palma da mão na boca, aperto os olhos para não chorar sozinha, sem você. Você não me ensinou a me importar com tanta besteira, eu que me amaldiçoei, e não me ensiou a engolir o choro, eu que engulo. Só situou, pôs suas situações, aconteceu, fez, pintou e bordou nos meus dias botando na minha frente a solução. O mínimo, faz para todos só isso, põe na nossa cara o que agente precisa. Acatei, claro. Mas as vezes, eu sinto que esse choro é só meu, você não chora, nunca chora. Eu quero essa arma só para ter a certeza que de tanto apertar minha boca calando essa merda de grito, eu acabei virando homem. Homem crescido. E essa arma só vai ficar carregada em cima da mesa, me olhando e eu olhando ela. Nada mais. Enquanto eu não tenho a minha arma, não vou parar de querer gritar, nãos sei se consigo parar meu choro de uma vez por todas. E no maldito dia em que eu souber, me leva, e não me diz nada, quando eu finalmente não precisar mais gritar para essa merda de história de vida, me diz, que resposta eu vou precisar? Que proteção eu vou precisar? Que consolo? Não vai ter mais grito... Ai, vai ser tarde. Então me deixe dormir de uma vez, para sempre, e não ouse me acordar para se justificar, contar seus causos, não vou querer te ouvir. Quando parar de gritar para a vida, quando eu cansar de berrar por você por força do teu destino, não me venha tocar sua música. Eu já toquei a minha música a vida toda, e sufoquei meu grunido sozinho a vida toda, suportei teu zunido sem a merda de arma que me prometi, que me prometi que você me prometeu. Então, no final, na grande saída, só me deixa não ser quieto. Por que quando acabar o grito, ah esse dia vai chegar, quando acabar a dor, eu não vou precisar de você para nada. Hoje, sem saída, deixa que eu me viro sozinho. Na grande saída, me esquece. E se quiser mudar teu jeitinho patético de sempre ir levando a tua única única vida-existência, me dá essa porra de arma que me protege do medo, que me mata a dúvida. Não me perde na grande saída, não me perde na grande saída, não me perde!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Começo num pranto exultante de pretensão, deliciado em saber que não deixa e jamais deixará de ser lágrima, choro, dor pois não cabe nem agora nem amanhã, coube apenas nos segundos que preveram este escrito. Ah pranto maldito, enlouquecido que põe-me no chão, sob o chão, no ar, a voar, nas estrelas na poeira do universo e na lua e em todo vento, no mundo que se move ao meu redor, me respira para dentro e fora dele, me eriça os peitos e pêlos, me faz desejar virar-me do avesso. Fui à noite clamar mais um amor, uivei para lua fazendo mais uma vez meu feitiço-pedido ao cosmo, ao Criador, ao mundo, aos espíritos, aos demônios e aos santos, um clamor sincero que desespera por alguém para sermos um só. Uivei para a noite pedindo alguém, pedindo para que chegue e não pude imaiginar como ele seria, quando seria, nem por quê seria, e se eu mesmo seria esse amor, não pude nada... Nunca posso, nunca consigo vê-lo e entendi meu por quê, e esse conhecimento me espalhou até onde eu podia enxergar. Senti-me como se transasse com Deus, e a vergonha dessa sensação quase calou meu pensamento no momento e minhas palavras no agora, mas o torpor falou tão mais forte, mais pesado, éramos um só, o vento, a noite, os desgraçados da rua, as santas em suas casas, os traidores e os traídos e os inocentes e culpados. Tento fingir agora o prazer do sufocar-se em angústia plena do aprender a sentir de verdade, não fingir, não consigo mais, tão longe estou dos meus personagens sozinhos e carentes que sinto prazer com minha solidão, sinto desejo por quem ainda não conheci como nunca antes, antes eu ansiava, tudo era ansia e a vida era uma ansiosidade em acabá-la logo, sentindo, vivendo, vivo vislumbrei por poucos segundos o que pode ser um amor de verdade, o que pode fazer com minhas idéias e meu ser amar... E essa solidão explodiu de fora e dentro e dentro e fora para dentro e para fora num transbordar-se em si mesmo; um pequeno fragmento do que é me fez querer mais e mais em felicidade tênue que dividia seu espaço no meu humor com um sangrar em não ter e um beijo que não vi, não imaginei, um toque que nao sonhei, olhos que não sei a cor, palavras da qual não faço idéia, uma existência que desconheço, a existência do meu amor, do meu alguém de quem serei pertence, e ele meu e eu dele e nós de nós mesmos sendo não mais nós sendo nem sequer um, sendo, amor, puro, inconsequente pois não medi suas consequencias naquele segundo, me envolvi, fui abraçado fortemente pelo próprio amor em sua plena veracidade, sim, ele me abraçou, tocou-me cada pedaço de pele e cabelo e fez meus olhos apertarem e soprarem a fumaça pedindo por ele vir em carne, em osso e dizeres. Mas eu não precisei da sua pele pela primeira vez, a única. Seu ser me sobrepôs, subjulgou qualquer figura e conceito de antes para gritar ao meu corpo, é isso que sou, esse é meu abraço, esses são meus beijos, o Universo me beijou e pude transar com Deus... Transei com Deus enquanto a fumaça do meu cigarro cintilava pelo ar escrevendo no ar sem significar nada por segundos que aquele afago em dor era amar. Amar. Amar. E por falar com o Universo, pedir e sentir para ele esta carne que em algum lugar pode me ouvir, não fiz-me triste, não fiz-me nada, deixei-me levar pela fumaça e o vento e as nuvens e as nuvens que saiam de minha boca e a brisa e o vento na copa das árvores, não deixei-me levar, fui levado
...tateio o ar olhando atento afoito aflito a ponta dos meus dedos a brincar com o ar procurando essa sensação denovo, mas agora ela é minha, não preciso procurá-la mais.

Amei você. Amei você! Por uns curtos segundos, amei você e pela única vez até hoje digo que foi de verdade, foi real. E não sei quem é você. Mas o amei. Tentei achá-lo denovo, e meus juízos não deixaram mais, me disseram que alguém nenhum me faria sentir isso denovo a não ser a Lua e os céus e o vento e Deus; mas amei um alguém, um qualquer. Não bebi do veneno doce que mata aos poucos do amor ideal que nunca chega e nem se completa apenas para em sonho manter-se perfeito, de tirar o folego por não existir aquém dos sonhos; não perdi o folêgo. Ganhei folêgo, fui respirado pelo ar, o respirei, fui ar. E mesmo me afirmando que você não me dará isso em pele, sei que não estou preparado para você, para amá-lo, nunca estarei; só estou certo em certeza profunda que o amei de verdade, hoje, a alguns segundos atrás. Em pele, em ar, em ser, em alma, o espero sem esperar mais tanto assim, pois tê-lo amado me fez ver que nunca o esperei, nem sempre soube que um dia chegaria, nada disso: queria aprender a amar e vi que não se aprende, não são conceitos, apenas se sente. E eu senti. Senti o seu amor por mim por um curto tempo, de onde quer que você esteja, obrigado. Obrigado eternamente obrigado. E termino dizendo que o pranto ainda mantem-se querendo ser chorado mas não consegue, pois seu motivo em emocionar já se foi, e explicá-lo aqui ou tentar lembrar e até falar sozinho sobre não me faz sentir denovo, já foi, e único, será, para sempre.

Até que a pele me encontre conjugando paliativo com realidade.

levo-me demais, e demais que quero deixar-me levar, e ser levado é levar de alguma forma essa vida.

Um arrepio leva o medo de não ter mudado nada e os dedos vão percorrendo letras tentando se procurar ou mesmo se achar, quem sabe ser achado. O demônio podia levar minha alma para um lugar aonde eu pudesse me fazer doer sem ter culpa, sujar sem ter que limpar amanhã, comer até aonde um até não cabe, beber enquanto o tempo existir, sofrer sem me cansar pois de sofrer todo mundo sabe, felicidade é divina, e tem de ser alcançada; para sentir-me só e dolorido assim, apenas preciso parar, e disso entendo bem. Estagnado, olho ao redor e não há nada além da dor e uma certa comodidade rotineira em fingir sorrisos. E dizem que a vida tem de ser assim, isso, resumir-se assim: viva como se fosse única, cada dia o último, o máximo de alegria que seu coração puder aguentar. E ele nunca aguenta o bastante, e nunca há o bastante para sácia-lo.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Um devaneio simples me leva
perco as rédeas de qualquer razão
não quero me dar por si
Desisti de ser encontrado
não vou parar de andar em círculos
só para não ser mais um quadrado
Na verdade sou sem formas, desinformado
por opção, nada me interessa além de
um leve suspiro.
Sou tão assim, acostumado nos mistérios e de caso feito com palavras que deixo tudo a entender mas adimito que não se entende nada do que digo; pairo no ar de uma expressão dada ao horizonte, refletindo algo... irreflexível.
Um silêncio dividido sem desconforto alastrou no peito o desejo de eternizar o notório momento aonde nada nem tudo eram necessários ou mesmo o bastante...
Enquanto escrevo poesias
não sei o que acontece
além de sentires sob
minucia momentânea.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Hotel Rota 66

E observava aflito dia após dia a pequena fachada desconhecida . Ladrilhos brancos tão limpos, dois grandes vidros grossos que permitiam apenas o vislumbre da silhueta, essa jamais aparecia. Ninguém nunca aparecia As duas portas com corriqueiras maçanetas redondas de madeira também eram do mesmo vidro. Seria fumê? Não era preto, areia, arenoso, transparente mas embaçado nada dizia sobre o que havia atrás. Recordava-se de um encontro marcado fronte a saída da garagem, na via expressa, do outro lado, frustrado. Não encontrou ninguém esse dia, ligou diversas vezes mas ninguém o atendeu. Os ladrilhos sempre tão brancos... Nada comum para aquela área de imovéis. Tudo era velho, sujo e gasto pelo tempo, ultrapassado em estilo, dando um toque de cidade velha aos arredores. E o letreiro impecável, mantido assim sem sombra de dúvidas; havia cuidado naquele prédio, e uma cautela demasiada para um réles hotel em frente a um terminal rodoviário. A placa dizia ROTA 66 em vermelho e preto. Mas não eram portas de correr, e nunca estavam abertas, e não tinha nenhum telefone para contato. Sentado no banco a esperar seu ônibus passar foi sendo empurrado lentamente num profundo abismo de curiosidade que o consumia sem que ele desse conta. Sua vida miserável aos olhos de Deus parecia ansiar pelo maldito segredo que a agradável e medíocre arquitetura asseada demais escondia atrás dos grossos vidros. Não sabia, e o fato de não saber simplesmente o fascinava... Podia criar todas as hipóteses que pudesse para o estranho local. Portão de carros nos fundos, do outro lado da avenida, portanto grande demais.Com a mesma placa vertical. Já havia caminhado pela marginal naquela saída dos fundos, sentado ali em sua calçada. Seriam mesmo quartos que preenchiam seu particular mistério? Quem conseguia hospedar-se no Hotel Rota 66? Um amigo do passado um dia disse estar ali, foi o que lhe disse. Será? Não podia ter certeza. O mais engraçado foi que o amigo combinou por descaso do acaso naquele lugar. Não o viu ali, nem dentro nem fora, aquele dia apenas foi esquecido nas ruas, sozinho, esperando. Como continuava a esperar agora, fitando, aguardando qualquer tipo de sinal, uma pista insólita que levasse seus pervertidos pesadelos a esfregarem-se naqueles ladrilhos brancos, tangenciá-los. Não havia número para ligar nem recepcionista nem portas convidativas nem a coragem de punhos fechados a bater incesantemente no vidro nem um breve telefonema ao auxílio a lista. Desejava saber que tipo de crime tão limpo, agradável e impecável, ocorria sob sua fachada sóbria... Ainda sentado, mais um dia, aguardando não apenas seu transporte mas esperando qualquer coisa, que o ônibus invadisse a plataforma e esmagasse seu banco familiar e ele mesmo, qualquer coisa. Esperando. Notou algo azul e desentendeu-se com o mundo, era um azul brilhante, brilhante demais. Um tipo alto, forte, pareceu loiro, vindo do nada o arrancando da distração dos transeuntes enfadados na estação abarrotada de gente que as pressas ia e vinha. Do outro lado da grade, em frente ao Rota 66, alguém entrara, e sobrou apenas o esfumaçado de sua camisa royal por detrás do vidro sumindo no nada, uma chave. Ele tinha uma chave, e abriu a porta sob a placa, sim ele abriu, entrou, com a chave, não se sabe vindo de onde, esquerda, direita, não vi. Eu não consegui ver nada, mas algo pareceu-me, só pode ter me cutucado para no momento exato de vê-lo entrando, é, ele entrou no Rota 66 . É, entrou, ali, no Rota 66, ele... ele entrou, de azul, entrou. No Rota 66, no Hotel Rota 66

domingo, 4 de janeiro de 2009

Sou a vidraça por onde você se atira
as árvores que enfraquecem a queda
e o transeunte atravessando a rua, fugindo do acumulo de gente.
Em tudo que escrevo, um desespero
descrente quer ser entendido, mas
a objetividade cala o medo
de não te encontrar.
Em que lugar vou encontrar o porto que nunca vi em minhas memórias?
Qual será o gosto da maresia de tato com a madeira a observar o fim do mar?
Para trás ou para frente, cabelos que não tive, serão acarinhados pelo vento?
Que corpo acompanhara a tez fina, morna e cúmplice da mão que segurarei?
Sob quais olhos poderei ser eu, escancarar porões, sorrir meus gritos?
Quando vou querer dias e não atos, meses e não palavras, a vida e não algo?
Como saberei que meus pés vão tocar músicas que não ouvi?
Aonde sentirei que a peça chave já está encaixada a mim?