sábado, 29 de dezembro de 2007

Dali Egg.

Quebram-se barreiras, tudo aquilo que nos faz mal é superado, as moléstias, tristezas, angústias são eliminadas, sobram as preocupações nobres e a vontade de ser alguém; como fazer então com que as estradas e seus infernos que habitam minha imaginação não ecoem mais... A vida continua boa, simples e agora redimida, mas o lado podre da maçã ainda está aqui, só deixo pra fora a parte viçosa. Antes a mancha até aparecia enegrecendo a tez umida e vermelha do fruto, agora o podre fica dentro, esperando ser mordido e assustar alguém com uma aranha que escapa por seus dedos e o faz gritar e agitar o corpo todo para joga-la pra longe. Será que só uma estrada pode salvar minha alma... Mas se sei que é ali aonde elas se perdem... Porém esse formigamento não para, quando dá apoquenta-me de uma forma inexplicável, me converte em outro, muda minhas palavras, transgride meus ideais, me derruba na poça denovo. E ali, em sonhos, me deleito com a sujeira, me lambuzo e engulo, danço com o Demônio, fujo da certeza, me engano imaginando frustrações esperadas que, mesmo assim, mudam o sabor que a vida tem na nossa boca e não aos nossos olhos e nem em nossa mente. Queima. Queima fundo, arde, amarga, cospe, grita, gira, e é isso; será que há tanto assim além disso? Sei que acaba, a cada dia diminui e se perde, meu oco se torna sólido para, esquecido, não me fazer mais lembrar deles, não ecoar mais... São os últimos resquíscios de uma alma jovem que, de tanto querer ser salvada por alguém, ainda não vê a hora de se perder. Porém enquanto ele ainda sopra em meus ouvidos, não há como achar que a vida realmente é bem mais divertida do que tudo isso. Simplesmente mais divertida. Passa, e denovo volto para meus discos e livros e projetos; vou me alimentando em regime de sonhos, bondades, sorrisos, felicidades, tudo tão entediante não é. Se não achasse o mesmo, nem teria lido tudo isso. E se sente a vida em todos seus aspectos, entendeu bem a escolha que é feita por nós, por que a brincadeira, um dia acaba. Não por si só, mas conosco. Só que não quero terminar essas frases repetindo o sermão, quero mais é dizer que sim, ah como eu sinto saudades de não saber que caminho escolher... Como se pode querer ser feliz se para todo lado que olha só vê tristeza... É egoísmo, é apartar-se da realidade, e achar-se tão bom que pode saber viver em meio ao caos. E isso é impossível. O que realmente fica a sua escolha e o quanto vai deixar seu corpo escorregar pixe a dentro... Pés, pernas, cintura, braços, ombros, pescoço ou a cabeça toda... E mesmo assim, você nunca vai saber o quanto está mergulhado. Mas não se sujar é impossível. Seja quem for, algum pedaço está tão pegajoso, e quanto mais você acha que está tão longe disso, nem respira mais, o bretume já está nos seus pulmões; quando entende que a sujeira está dentro e fora, pelo menos lida com ela. As vezes para não se machucar, para não machucar, para ganhar, para perder, para não perder, para viver. Viver, dar passos lerdos em meio a esse mundo machucado por Deus.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Ser.

Observo meus braços, mãos, dedos, unhas, pernas, pelos, rosto, corpo e não os entendo... Tão feios, desengonçados, estranhos, e tão distantes dos referenciais que temos de beleza, que podemos inventar de perfeição, não humana, mais imaginativa... Pense em cores se difundindo numa ventania em papel branco de um arco íris que se misturasse, cruzasse, serpenteasse e se transforme em tudo que você imaginar... Isso é seu. Cada um imaginou algo próprio. Quando olho para dentro, não vejo limites para estar na China e em um segundo voltar para a janela do meu quarto; correr para um beijo que me emocionou e estacionar na visão da pessoa que amo simplesmente sorrindo para mim. Depois estou dirigindo meu carro solto pela estrada sem fim, sem uma meta ou sem uma direção, posso sentir o vento nos meus cabelos, e as rodas não tocam mais o chão mas sobem, deslizam pelo ar e rápido, tão rápido quanto a luz alcançam os planetas e as estrelas e o sol, o sol, dentro do sol, envolto de luz, no princípio você pode se ver, mas depois é apenas as ondulações de luz se misturando e reluzindo. Tudo isso em segundos. Mas volto, e me vejo, e o que vejo, é isso: uma caixa. Um limite. Um espaço definido. Uma distância que pode te deixar tocar isso e aquilo, ver ali e aqui, sentir assim ou assado. Tudo de dentro de um espaço físico de dois metros de visão. Mas e aquilo tudo que eu tinha segundos antes, aonde está tudo aquilo? Para onde foi que não posso te-lo aqui, nesse mundo fora dos meus olhos? Sonho com um mundo aonde a imaginação é ato, e não preparação, e acredito que após me cansar de tanta perfeição, vim para cá, brincar de imperfeito... Sonhos... Realidades... Suposições... Não sei. Mas o fim me deixa curioso, nunca o bastante para não me divertir com tudo isso, e morrer aos poucos ao ver que tantos não aproveitam tudo que nossas cabeças nos oferecem...

Ajudar...

Gosto demais de ajudar as pessoas. Mas as vezes tenho medo de não ser ajudado por ninguém realmente. Ou mesmo de não ter conseguido ajudar tudo que eu podia ter ajudade alguém...