sábado, 18 de julho de 2009

Grande Boca, Grande Bola

Cala-te boca, exijo a mim sempre almas
se roçando pelos olhos, perdendo sentidos
e escavando misérias, doces podridões nossas
que os estilhaços abocanho, mastigo, engulo e rio;
arroto meu sarcasmo em sua fronte ignóbil
aos maneirismos de alguém que se deleita com suas feridas
pretende medicá-las, mas pelo cativar
escorrega a ponta da língua sobre seu sangue estagnado.
Em sua inocência, preve um adorador de si
que enraíza seu ego na fraqueza alheia
ou até um adoentado da mente empático a beleza, quem sabe um cativante invertebrado
Deveras o aviso, engana-se até o pescoço pois o topo lhe falta
Meu mal para você, é meu ser a mim, e o encanto do meu jeito:
amo seu defeito, posso fingir que te beijo
ou cravar meu coração em suas unhas cheias de terra.
Só por que de tudo isso já sei um pouco;
e homicídio algum encolhe minhas bolas.
Quando letras reproduzirem o arrepio infinito
que não se define e não teve motivos
apenas veio e foi-se em dadas circunstâncias
inomináveis
tudo será assim, como sempre foi, prazeroso...

Lambendo com a língua do Coração

Bocas clamando um beijo
de ardor firme e doce
semblantes ávidos e forçosos
esmoecendo sob a persuasão
O toque vicia, e a lembrança
não divide outros cabelos
e odores.

Meus cílios vão até seu globo,
língua diz bom dia a tua virilha,
e de longe, já são um só
com dois pares cada
de mãos aflitas

Se pos fronte ao dorso,
se perguntoa:
penetrou o ar ou
empinou-se aos meus
olhos,
éis meu.

Faço com dedos, desejos, medos, almas e eu mesmo.

...e o hálito estranhamente saboroso
sobe por narizes que, estranahmente
agarram-se pelo gosto duvidoso...

a abotoadura
com força
engole
bem molhado
o molinete
sensual...

Quem nunca sentiu a boca enxarcar
de barriga cheia
desconhece o poder de Deus.

O Demônio em Todos os Amores Aonde um Só Ama

Perdido, descrente, ele veio e me deu asas
de penas longas e negras, sujas de foligem
feitas de lágrima e sangue desperdíçado.
"Voaria alto", me disse, não tanto; toda vez que pousasse
deixaria no chão as marcas de piche
dos mues pés. Nos meus amores, feito anzol
preso a boca de peixe que se salvou e agora
figa enganchado em tantos lugares da correntesa,
preferindo ter sido tragado dos mares,
eu deixo uma pena espetada no coração do amante só.
Me crio na fumaça da negação do outro, do amor,
bebo a seiva do choro que forço-te a crer
ser seu, mas sentida a sua lamúrifa e parafraseada sua dor
tenho teus seios sob meus pés, as coxas em minhas unhas
teu sexo vira minha fonte a brotar lírios doces
que me servem de alimento; as obsessões de amor.
de pernas aflitas a se roçar pedindo a dor da mentira
abrem as portas do teu leito triste para meu vôo.
Deixo sob lencóis, em seus dedos que acariciam o nada
nos braços a agarrar o vento, toda a poeira que não te
deixa esquecer de mim misturada a tua tez
apaixonada. Alivio-me
esfregando meus olhos terrosos no seu travesseiro,
tinto de nanquim paredes, unhas, cantos
no gozo do impossível, que um dia, me matou
Se a carregar, posso lembrar por alguns segundos
daquele amor que tive e jamais foi meu
Alguém que descalce meus pés
a descrença dos dedos
tudo, sempre, novamente
Lágrimas pelos dezenove que viraram vinte
o afago dado aos olhos por miragens
ponteiros escapando e estagnando
Há quadros que caem pelo caminho,
ângulos que jamais desistem do uso
e uma insatisfação infiltrada a pingar
em cada expressão.
Espelho de candura que não passa de uma imagem
eterno interno inconstante
achando e perdendo mudanças
Descaso com a diferença que, as vezes
não é mais um advérbio,
a ama assim, deseja quem a cumpra
sofre quando a abandona, estranha
se está sob rostos que acusam disso

Notável ,digo.

Pernas curtas demais
para tantas estradas
aonde podem ser virgens.
Frases que já foram frases
em bocas previsíveis.
Pontos sempre firmando
o mesmo ritmo que
não passa de meu,
e a tentativa clichê
de completar
com aglo esplêndido.
A insensatez
do convencimento
frígido em auto-
afirmar um talento
e constatar o oposto.
Assuntos que me
perseguem
o oásis por detrás
dos meus olhos de
uma simplicidade
frustante em amar
tudo que já foi amado
a alternância confusa
do deslize inevitável
numa adjetivação dupla
constante, tudo me esfria e termino com a poesia, insatisfeito.
Em cada vale das mãos, um amor pode pousar
e navegar em rios de deleite, a pele é assim
permeada de grãos prazerosos, esperando outros mares
para transbordar seu toque. Lábios são o encontro
entrelaçamos línguas, roçamos a tez fina que permite
estar dentro das palavras do outro. Os olhos permutam
sonhos, jeitos, seres, e de tão perto os cílios se tocam
com as frontes aspirando serem uma só... Sente-se
o quente no corpo do outro em um abraço que mal
se cabe no espaço, a ponta do nariz acarinha as
bochechas, a mão explora os cabelos da nuca
desbaravando o torpor que a cabeça guarda e divide com
o outro, ao mesmo tempo que recebe...
Grita para a morte, assusta-se com o abandono, sorri para o estranho, beija o sexo, morre no desespero, vive preso a um porto seguro de amor e sangue, jamais perde a tentação, tem medo, se vinga, chora a paixão, rasga-se de ciúmes, aflige a alma tantas dúvidas, não crê, sente seu cheiro e aí age, sem jamais saber.

Olha como se fosse único, perturba meus vazios não com o doce prazer mas com o açoite da necesidade
não é meu, pertenço a ele, logo, somos um.
Evoluído, esqueceu de ser para sentir, após tantos desenganos do espírito, foi permitido de odiar a vida para amar tudo que a forma, amar debulhando-se em lágrimas sinceras e solitárias, amar o sorriso esperado, amar o ódio demonstrado e sentido, amar o prazer próprio e não o método; salvos são esses que deixaram de pisotear sobre a vida presentiosos em serem criaturas de Deus que não precisam cair em momentos de angústia pois são crentes em si e na força que os guarda, mas assim, perdem para sempre o sorriso verdadeiro e a expressão livre das criaturas apenas, feitas como desabafo.

Enquanto quem espero respira o mundo, eu prendo um ar que amo e entendo por não saber explicá-lo, mas me vicia, uma branda felicidae resignada que espera por uma sólida inconstância indefinível.
Quando beija, não sabe como fez, era somente sua boca, os dentes batendo, o sabor azedo da saliva, os sons presos da garganta são ápices que não se percebem.
... e entende o amor, entende ódio, entende sexo, entende a dor, entende os anjos e demônios, entende a perda e entende vitória; entende o todo pois não entende Deus, teme e adora no momento certo, não apenas aceita tudo como se não fosse nada...

Eu, por Mim. 2007

Azedo, irritado, sensível, descrente, acuado, seco, quieto por horas a fio numa dor que jamais vou querer compreender, mas sempre vou tentar.
Complexa já que não se explica, simples pois meus olhos a sentem

Lágrimas ao leu, mentiras sob o veu do nada, do inexplicável sentimento puro em ato e pensamento.

Frases que se misturam quando numa díspare incoesão que nunca percebo, só me envolvo em seu hálito, concordo, adimiro e mato-me em deleite pouco a pouco por não conseguir mudá-lo, so me cabe acompanhá-lo;

seu ar ignóbil e tão mais crente que o meu convicto sem saber que tudo que há só é para ser vivido
A pura paixão da existência
só é saboreada por aquele
que perdeu Deus para achar a dor;
os demais deslizam por dias
que sempre parecem ter demorado
para passar, pensamentos
que escolhem o que ver
e a maldita consciência disso.
Somente quando as dolorosas perguntas restam
que sentimos a vida

Quando já não importam, o vazio não dói mais
e o terro de antes não passa de um franzir apático da testa

O verdadeiro apaixonado
perdeu Deus para achar a dor