domingo, 18 de novembro de 2007

Livre

O mundo novo, tantas influências vindas quase sempre de um mesmo esquema cultural, porém com tantos meios de ampliar seus conteúdos sobre a vida, a consciência disso leva seus pensamentos a um nível muito acima do imperativismo intelectual atual. Quando se desprende de premissas, podemos achar beleza nas coisas mais simples e nos arrepiar pela milésima vez com a mesma cena. Semióticas, entrelinhas, sempre haveram nelas tantas mensagens desconfortáveis, tantos pontos preconceituosos e realmente cansativos às mentes ressequidas de um produto novo para estudar e criar embasado nesta miscêlania cultural. Sim, está óbvio que essas são barreiras sólidas para o profissional realmente comprometido com a originalidade, mas quando conseguímos captar em meio a todo o caos informacional congestionado de rótulos e formatos, para adentrar fundo nas pequenas coisas tão simples que compõem um trabalho original na essência da singularidade, e melhor, compor algo que possa soar parecido para você mas apenas nos pontos adimiravéis, aí sim você encontrou os pés do arco-íris. A criatividade existe e sempre existirá, para as massas e mesmo nas altas classes, sim ela anda defasada dos mesmos arqueótipos seguros de sucesso e rentabilidade. Mais do nunca, hoje o mundo gira em torno do que é lucrativo, porém não poderemos exigir demais dos cirtuitos principais. Mas quando a gestão é particular e simples, cada um pode sim alcançar uma liberdade pura da escola do produtivo para realmente chocar seu mundo com os demais. As vezes me pego pensando 'o que há de proveitoso em escrever para as paredes', mais momentos como esse quando consigo explicar algo de tanta importância mesmo que para mim mesmo, que não, não importa com que consequência, as palavras e atos e idéias e conceitos e opniões são causas, de cada qual são suas próprias causas, então mesmo que em silêncio, jamais estarei calado.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Virtual...

Descrever a tenue substância que compõe nossos pensamentos, os nuances imperceptíveis de humor e valor que vão transgredindo nossos valores sem que percebamos, e quando entendemos, tudo parece tão... artificial. Por quantas vezes você já não olhou para quem ama se perguntando por que está com essa pessoa, para seus filhos e pensando que são um total fracasso, para sua vida como se de tão efêmera não tenha significado nada para você além de memórias e memórias mas a ação, quando acontecia, você nem percebia... Momentos que guarda com cuidado, mas no fundo sabe que quando os vivenciava, eram só segundos, passaram. Dias que esperou tanto, e que quando chegava, de nervoso, não via a hora que acabassem. E dias em que algo aqui dentro implorava para não passassem, como todo o resto passou. Criamos ao nosso redor uma teia virtual de preconceitos, vontades, saberes e sonhos. No final, todos se esvaem por dentro os dedos enrugados que mal escapam das mesmas culpas, da sensação de que devia ter feito mais, das angústias por não saber como será o fim; mas a vida vai e o fim vem, sempre. Sempre. E nada impede isso, apenas nós mesmos, que nesse caminhar insensato, fugimos da única realidade que realmente está conosco desde que vimos a primeira luz. O demais, não passam de percepções, opniões, visões nossas sobre como o mundo é, por que ele é para cada um único, mas mesmo assim, é o mesmo; divide-se a morte e os veículos de entender são os mesmos, então por mais que você ache que ninguém sentiu isso que você sente agora, nesse exato momento, milhões sente-se assim pela mesma coisa que você sente, e bilhões por se achar sozinho. Jamais estamos sozinhos, a certeza absoluta sempre nos acompahará.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Página desmarcada
dedos arranhando o papel
palavras que da ponta da língua
escorrem para o nada.
Inspirações e expirações
desmanchando toda a poesia
que, segundos antes de pintar o papel,
eu havia iamginado, e já não o é.
Algumas lembranças daqueles versos
vagam sozinhas pelo fio ineterrupto
do 'queria ter dito' que povoa
a imaginação; mas acaba a linha
e nada mais se tem denovo.
Como pode o todo perder-se em
uma palavra, e o que não o é,
jamais definir-se em palavras.
Letras, períodos, pontos, frases
se juntando com nenhum ou algum
propósito inexplicável que, as vezes
se mostra no contexto, se esconde nas entrelinhas
mas mesmo assim, vai:
completa o caminho de não caminhar.

domingo, 11 de novembro de 2007

Voltar a ser criança...

Agora de pouco me perguntei se conseguiria ser sinceramente lúdico ao escrever alguma coisa... E passar os sentimentos bonitos que sinto em relação ao meu lado mais inocente... Pra começar acho que devo me desprender de palavras dificéis, e muito elaboradas, deixar que cada período vire frase e cada pedaço seja simples, como se dentro de um beijo estalado eu pudesse dizer tudo que quero. Digo que carrossel faz meus olhos brilharem... E circo me lembra que rir quando não é de coração é estranho, mas não deixa de ser verdadeiro por que alguma coisa em você naquele segundo quer rir... Digo também que tanta coisa sempre vai estar errada, mas que pensar em coisas lindas sempre vai ser melhor. Que sonhar é o que faz agente criança, e sorrir, e brincar, e ser feliz. O muleque não se pergunta por que quando a bolinha de gude quica joga a outra longe, nem por que avião parece passarinho que não sabe bater asa, nem liga pra gente que faz careta, nem pra mordida de formiga. A menina se assusta com barata, mas sabe que o doce é mais doce quando tá lá no alto do armário. Ela penteia os cabelos as vezes, e nem percebe quando eles mais estão arrepiados, por que brincando, ela esquece. A criança acha que tanta coisa precisa mudar que o mundo fica perfeito pra ela, por que ela sempre esquece tudo que quer diferente pra dar atenção pra tv, ou pra cosquinha do irmão, ou pro afago da mãe. Quer tanto crescer, mas sempre acha que o ano passado na escola foi bem mais divertido. Com uma varinha se agitando pelo ar sonha os sonhos mais lindos, e naqueles momentos ela tá la dentro, de cada sonho dela, de verdade. E quando dorme se tem pesadelo, acorda esbaforida, esquece, e dorme denovo. Toda a meninada é linda, por que sabe esquecer do que tem que ser esquecido, e nunca esquece da bicicleta nova que quer tanto para brincar... A bicicleta que quando ganhar, vai esquecer só pra lembrar do que mais vai fazer feliz esse pedaço da gente então...

sábado, 10 de novembro de 2007

Legião

O suor seco já não aparece mais, e a dor é algo tão distante que as vezes me torno insensível... E tão sensibilizado por todas as coisas do mundo, tão tocado por cada tormenta que me faz resolve-la de imediato. Mundos e fundos crio-os só para mim, e acredito em cada um deles como se fossem toda a verdade do mundo, só para desacreditar depois, ainda tendo a certeza que fora de minhas janelas cada um daqueles mundos estão acontecendo agora, e sempre estarão acontecendo. A vida vai continuando, se escoando pelos dedos como acontece com todos; comigo, ela é boa, feliz, meio que incompleta mas só por ser assim que é tão farta, pulsante: cada coisa que não tenho me faz querer mais que tudo quere-las, sonha-las, e que vida é vida mesmo quando você não sonha mais... Não sei como seria uma existência assim, inóspita, seca de queres sinceros... Não entendo. Mas sei que em tantas vezes, quis alguém, e por tantos momentos tive alguéns; hoje, todos importam e não importam. Importam por me fazem ter lembranças boas, não importam pois se perderam por caminhos que desconheço e no qual não sei achá-los... Sim, perdi amigos... Sim, perdi amores... Mas ganhei em vida, em sabedoria, em saber ser um alguém que sendo é assim, completo, mesmo acima de tudo. As vezes acho que falo a língua dos anjos...e que amo o mundo mais que qualquer um possa ter amado de verdade, mas sei que isso é impossível; sem os verdadeiros apaixonados como então a Terra persistiria em girar... Em todos os tempos em cada época, sempre houveram os como nós, que simplesmente são aficcionados por tudo isso que é viver. Almejo datas aonde os tristes deixem de ser assim, e a beleza seja propagada em todos os semblantes, jamais nos rostos. Obras da natureza encontram-se tantas em tantos lugares, mas espíritos livres que reluzem em olhos de amor e compaixão, isso é raro.. Não por muito tempo!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Vida...

Por que sempre falar sobre mim não é... Para tentar se entender? Para tentar achar um meio de que me entendam? Ou por pura prática irresistível de egocêntrismo? E por que sempre se perguntar de alguma coisa... para achar respostas... para excitar a curiosidade alheia... ou só para jamais querer se entender de verdade... e sempre são tantos quesitos, e fragmentos que vão completando quase tudo que escrevemos; partes que se encaixam dando (ou querendo) algum sentido, pedaços soltos de divagações que caminham para algum infinito indefinível. Vai ver nada passa de uma normalidade em se conhecer melhor que todo o resto, então impossível fugir do mesmo assunto, ou mesmo se citar sem nem perceber. Pode ser que as dúvidas só existem, por que mesmo dominando o assunto bem, sempre haverão incógnitas. Independente do que você venha a falar. Aí você pode me dizer, o céu é azul e a maçã sempre cai, eu te digo que há dias de chuva e o laranjado pôr-do-sol aonde maçãs são apanhadas. Você pode dizer que vai morrer, e eu que há quem acredite em Jesus, e podemos ficar nessa por horas a fio, perdendo então tempo demais, procurando algo que realmente não quer se achado. Por que, imagine, se de tudo soubessemos, e não haveria nada mais a perguntar, desde sempre cada um só fazendo o que havia de fazer e conhecendo o que deveria acabar conhecendo, jamais seriamos assim, humanos. Seriamos algo mais semelhante a natureza... Que não precisa saber de onde vem, nem para aonde vai, apenas caminha, se move em forma de tempo. Agora, como enquanto vivos não temos a certeza de estar escolhendo mesmo, ou sendo escolhido, procurando ou só descobrindo, sempre seguimos continuando... Continuando pelas manhãs lindas de setembro, por noites solitárias de tristeza, pelas tardes particulares de lembranças, e observamos a primavera, o verão, as avalanches pela tevê, as abelhas obstinadas, e as árvores sempre caminhando para os céus... Tudo isso sabe perfeitamente por que está ali e para onde está indo, senão jamais se encaixariam tão certo; agora agente, agente mal sabe o que vai acontecer depois de ler tudo isso...

Intelectualóides

Era dito sábio pelos cartéis de cabeças aprimazadas com um certo interesse por saberes variados. Ela era o que mais lera de todas as coisas entre todos eles. Jamais seu ponto de vista realmete aceitou a idéia franca e promissora que todos sempre acabavam relatando as mesmas estruturas em conjuntos diferentes; era um partidário, como todo bom entendedor. Defendia com fervor subliminar seus valores retirados de livros e livros sobre sociedades mortas e ideais obscuros. Quanto mais amava o que aprendia, mais se envolvia nas teias ignobéis da dedicação exasperada a algo que infindavelmente o leva ao ponto aonde começou. Mas para ele não, como criança ávida sempre que conseguia dominar uma teoria com seu vocabulário vasto, sentia-se inflado e entorpecido no frocitante prazer efêmero das letras. Ah ele sentia... Datava-se único por articular tantas escolas e métodos e ismos e estruturas em uma só mente. Quando conversava, afirmava que era apenas a nível contemplativo, mas em seu ser pouco oculto, revelava-se logo um retórico invertebrado. Afinal quem discute, assume sim seu próprio caráter taxativo, e como ele descutia. Despendia toda sua gama de palavreados prolixos e insólitos para tentar confundir a pessoa e faze-la desistir, nivelando seus próprios conceitos sólidos para todas as entrelinhas da conversa, mas eles estavam ali, feito estruturas firmes de um prédio irreal. Alternava em várias facetas de um mesmo tópico, subentendia-se que para ele tratavam todas de um só assunto e esse assunto consistia em não ser um assunto; os promissores sempre acabavam de uma forma ou outra dizendo isso. Mas nem eles mesmos acreditavam nisso, pungenciavam em suas obras manias e idolatrias inevitáveis por outros e outros que vieram antes deles os calcando a escrever também. Eram produtores de relatos, recortes e retalhos da malha interminável de coisas já ditas, diferentes de quem cria, estavam sempre com 'algo na cabeça' que egendravam seus escritos, e esse algo era sempre uma nota ou frase marcante, que como em mocinhas virgens, os fizeram molhar a calcinha de excitação com tanto peso teórico. Quanto mais denso e impenetrável fosse os conteúdos, mais carregado de analogias e indiossincrasias com o mundo, e nada que realmente fosse concebido do real, mais suas calcinhas ávidas por seu 'pai da literatura' como assim intitulam tantos, molhadinhas ficavam. Entre todos os emranhandos cultos de uma mente ocupada por tantas cargas de teoria, tinha sempre no ar de seus feitos uma superioridade e uma certeza confiante do que escrevia. Fazia o máximo para não contradizer seus próprios valores, mas a forma como levava sua vida e encarava uma conversa, denotavam todo o seu embuido ser de ser o ser já sido de outro por não saber que ser ele seria sendo ele mesmo. Sua existência encefálica consiste num agrupado crítico sobre tantas coisas e outro seleto nicho de sistemáticas firmes de opnião. Ah sim, para bom entendedor, apenas a verdade basta. E a verdade sempre é a sua, a nossa, nunca a do outro. Eu por esporte sempre fui um contraditório, negava qualquer coisa que ouvisse pois tudo pode parecer certo ou errado dependendo apenas com que olhos e para aonde os aponta. Numa dessas ficava claro que me contradizia, repetia as mesmas ferramentas de desconstrução, mas em nenhum momento levantei bandeira pensando "pensem assim" ou mesmo a bandeira do "você não consegue pensar assim". Encarava tudo como um jogo de palavras, aonde o jogador mais atento sempre encontra falhas na teoria do outro e as joga sobre seu rosto, enquanto suprime o que ele diz a meros 'ditos', o articulador sem saber como e por quê escapar do jogo, sempre reafirma suas respostas e ideais empunhando-se da mais variada coleção de contundentes para defender sim o ponto de vista que sim possui sobre tais assuntos. Eu não. Eu ganhava o jogo, pois nunca entrava no jogo, só defendia a contrapartida, a recusa, a retórica, o relativismo, e se esses eram meus partidos, longe disso! Só queria ver o gatinho se enrolando com o próprio novelo de lã e fugindo cansado de tanto se enroscar, letras simbolizam e o que é simbólico jamais pode ser verdadeiro em suma, portanto, me digam breves leitores, que boa teoria não possui seus cacoetes?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Rotina Dessa Gente Feliz

Deitada em sua colcha de retalhos, Tia Jô, ou mesmo só Jô, como gostava de ser chamada, Jô de Jobelina, nome que tanto evitava por causa da troça que a criançada fazia com ela e com seus cabelos e seus jeitos; ela então descansou o descanso tão prazeroso em ver que acabava enfim seu trabalho. Acabavam as mandanças de Dona Zélia e seus quereres bobos e sempre insatisfeitos com as coisas da casa. As poucas três semanas de carnaval em que a patroa estaria no litoral e ela de férias, lhe dão a chance de trocar com seus botões cada pedacinho e cada cor do que mais amava fazer. Jô era a costureira responsável pelas fantasias do pequeno desfile de carnaval da cidade, e agora era só por em prática no outro dia, no novo dia, tudo que havia organizado em seus pensamentos. Dormiu sorrindo, feliz, alegre e boba de tanto amar a responsabilidade que lhe era dada pelos foliões da cidade. Acordou cedo e certeira, obstinada em ir logo comprar tudo que precisava na loja de miudezas da esquina, no centro da cidade. Um porção infinita de paêtes, lantejoulas, penas, penachos, bordados para as bordas das saias, linhas vermelhas e verdes e amarelas, as cores de sua escola de samba, contas e contas coloridas para os colares e caprichosos acabamentos dos corpetes, as fitas de todos os tamanhos, os tecidos de chita, cetim, um pouco apenas pois era caro e rasgava com facilidade, panos baratos para os coletes dos homens, espuma para as ombreiras, arames para os inflados saiotes das baianas, suas mil rendas brancas, lenços coloridos, bolas grandes e pequenas e tão miúdas, cintilantes; toda a sorte de enfeites que já sabiam em sua cabeça cada lugar que iam ocupar. Voltou para casa ajudada pelo neto que carregando a minoria da sacolas perguntava como seria sua roupa, e a do mestre sala, e da porta bandeira, e dos garotos da bateria e todos os outros, e ela, ia desenhando para ele como havia imaginado tudo bem certinho para cada um, sempre diferentes que do ano passado. Em casa, sentou-se em sua máquina de costura, e começou seu jeitoso projeto. Enquanto costurava as vestes mais simples dos batuqueiros, imaginava o trabalho pronto e reluzente, envolvendo pela bateria os corações compassados nas arquibancadas.Todos iguais, com os detalhes sobre o peito e nas calças brancas com as barras bem feitas de vermelho, verde e amarelo. Passou então para os bordados brancos, e espetava com paciência os arames para deixar cada saia na mesma proporção de balão. Usou do mesmo tecido para as batas, e para suas cabeças, cada lenço de cada uma das cores envolveria os cabelos mais esbranquecidos do desfile, com um nó na frente. O seu também estaria ali, na ala das baianas. Chegou então sua parte preferida, o mestre-sala e a porta bandeira. Utilizou todos os paetês e lantejoulas que sobraram e eram a maioria, na produção do paletó e da calça do homem, desenhando um infinito ondulado de mar colorido. Fez o mesmo na saia da mulher que era bem mais espalhafatosa que as das baianas, grande e ufante, e seguindo as mesmas ondulações de seu companheiro. Para a cabeça um adorno lindo apenas vermelho para ela e verde para ele, o amarelo era o que mais se via em suas vestes, então o destaque seria os enfeites com as penas no mesmo tom para tapar os cabelos duros. Passara assim nessa confecção que para você pode ter parecido um dia, mas para ela durou segundos, e para o tempo uma semana, corrida de vai e vens emergenciais na vendinha. Pronto, todos as fantasias estavam prontas. Chegou o dia do carnaval, seu coração, nenhum coração conseguiria parar quieto em meio a toda aquela felicidade e sons contagiantes da verdadeira festa. Em meio a toda aquela música e alegria, de tão perfeccionista, escapou-se um gritinho abafado quando seus olhos atentos viram um pedaço de cetim do lindo vestido ficar preso ao carro de som em um de seus rodopios delicados e desapercebidos da linda morena porta bandeiras. Ah a bandeira era mesma, e feita também por ela a muito tempo atrás. Engoliu o tremilique de seu sorriso e sorriu mais forte e brando ainda, pois sabia que ali não havia nada que mudasse o completo que invadia sua existência simples, a beleza em ser simplesmente assim, feliz. E tudo ocorreu perfeitamente, e ela até esqueceu do bobo cetim. Passaram-se as semanas, e na noite antes de acordar para um novo dia de trabalho, como em todos os dias em que se deitava para dormir, Tia Jô vislumbrou como seria o vestido da porta bandeiras do próximo ano, como sempre fazia sem ninguém saber, antes de dormir... E sorriu, sorriu grande e satisfeita... E em seus sonhos, o vestido conseguia estar tão mais lindo do que o desse ano...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Meu único medo...

Pode o mundo todo ruir em um caos sem fim e inevitável, podem meus fantasmas finalmente aparecerem para mim e me assustarem de verdade e não apenas soprarem em meus ouvidos, pode a morte me levar para uma situação totalmente contrária a tudo que imagino, pode tudo ser verdade, pode tudo ser mentira. Pode minha família toda realmente estar tomada pela inveja, podem meus amigos desejarem meu mal mais que tudo; pode o mundo todo sempre quando estiver em contato comigo não me entender e sofrer com meu olhar. Podem todos saber, pode ninguém saber, pode minha cabeça desaparecer para sempre e nenhum pensamento, palavra, imagem, sonho, nada, posso eu e meus botões ficaram afogados em um nada eterno de agonia... Posso sentir a dor que nunca senti mas vi e senti tantos sentirem, posso jamais alcançar meus sonhos, posso viver pobre e sempre dependente do dinheiro alheio... Posso ser internado num hospicio e viver a arrancar pétalas das flores desejando que todos no mundo morram, posso ficar para sempre trancado nas tristezas da minha casa... Posso perder cada memória boa, cada lembrança feliz, e viver sempre me esquecendo de tudo e de todos, ou lembrando de todos e jamais guardando em minha mente aquilo que realmente me interessa... Posso viver como um vegetal, ou como um animal, ou em negação, ou em racionalização; posso ouvir as vozes que me odeiam por dias, horas, minutos, segundos, o tempo todo para todo o sempre; posso um dia ver que tudo que fiz foi uma mentira e só fiz o mal, só fui instrumento de destruição. Posso também saber que sim sou feliz, que sim salvei o mundo, que sim tenho amigos, que sim as pessoas me amam, que não o não que ouço não passa de um auto boicote inválido e falso... Posso esquecer todos meus fantasmas, realizar todas as metas, ter meu dinheiro, conhecer cada lugar que sonhei, fazer aquilo que mais quero fazer profissionalmente... Posso conhecer pessoas notáveis, ter casos inesquescíveis, baladas tão almejadas, tudo que sempre desejei... Posso ser grande e tão maior do que imagino ser, morrer e salvar cada alma triste e ensiná-la a ser feliz, e castigar cada corpo ganancioso que não permite a felicidade; posso tudo. Independente de cada desgraça e de cada agrado que citei aqui, se não tiver a única pessoa que amei de verdade para mim denovo, sempre estarei sendo um alguém que, por mais que acredita e passa isso, não é feliz...

domingo, 4 de novembro de 2007

Beijo...

Será que alguém sabe o que é ter lábios de mel e fel e doce e céu... Uma gota pura de veneno vivo que simplesmente o faz hipnotisado; não precisa nem olhar, e se olhar dizem que você vira pedra... Então é melhor beijar apenas... Beije... Se entregue... Sorva tudo que puder dos lábios mais perfeitamente desenhados do mundo... Vai tentar tocá-los? Sofra as misérias de sua lingua bipartida... Vai tentar amá-los? Se esvarie em um céu em terra... Derreta-se pouco a pouco até se tornar um liquido vermelho e sedoso, cheiroso, único, perfeito, tenro, adocicado, ácido, amável, simplesmente irresistível... E rosa... rosa como a tez umida das vaginas mais agraciadas; rosa não como a própria rosa pois nem ela é tão rosa assim; rosa como o rosa nunca fora até então... Se entregue, não relute, pois esses lábios podem consumir você....

sábado, 3 de novembro de 2007

Arte e Conscsiência

Qualquer obra artistica é impregnada do sentimento de seus autores. Quando nos dispomos a criar algo seja relacionado a literatura ou mesmo obras compostas em si, colocamos nosso consciente a serviço de uma criatividade embuida de todos os ideais e conceitos que você adiquiriu com o tempo para estruturar todos em um formato único. A arte em si consiste basicamente nisso, uma miscêlania da sua cognição sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre as emoções que povoam seu coração traduzidos em formas, métricas, e relações exponenciais das n possibilidades que o homem tem de se expressar. Mesmo que por várias vezes qualquer apresentação intelectual pareça demasiadamente ligada a suas regras e dinâmicas de método já utilizada antes por outros autores da mesma área, como as danças no geral, cada produção tem seu caráter particular creditado principalmente aquele que cria a arte. Normalmente o artista se coloca a serviço de um sentimento principal, seja amor, ódio, felicidade, frustração, crítica social, ou meso a beleza por si só querendo transformar-se em arte; em todos os casos o resultado é pungindo por essa esfera evocada pelo artista. Quando a arte está pronta, é possível para o expectador consciente captar todas as mensagens que o artista quis passar com cada detalhe e peculiaridade única daquela arte. Nosso discernimento se conecta ao espírito que foi dado aquele retrato por uma outra consciência, e se depara com todo o sentido que ali foi atribuido. Há casos raros, principalmente em setores das artes aonde meramente o maior objetivo é apenas expor um sistema, repetir o que os outros fizeram porém mais (no caso dos melhores) ou menos perfeitamente adequado a estrutura já definida. Um bom exemplo para colorir esse caso é o ballet, por mais que aja uma mensagem artística atribuida, para os expectadores mais "conscientes" essa mensagem se perde. Fronte ao sentimento do expectador em procurar uma perfeição de movimentos, ele deixa de ver a realidade por trás daquilo. E muitas vezes aqueles que produzem essa arte não imaginam nada além de criar um espetáculo mais adequado as regras que compôem cada movimento. Artes desse tipo ficam reduzidas a uma exposição de método. Pintura, escultura, teatro, cinema, dança, música, produções digitais, todos os tipos de ilustração dos nossos sentimentos sempre estarão muito mais ligados ao nosso sentimento do que nossa razão. Por mais que objetivamos alcançar algo com aquela arte, sempre o que vai pevalecer será nosso sentimento.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Gratidão

Quando tudo que pode acontecer com você de ruim acontece, quando os cabelos parecem cair e uma coceira simples coloca em risco tudo aquilo que você ama e acredita; em momentos aonde as paredes do mar parecem cercar seus ouvidos num eterno eco das suas proprias lamúrias e tristezas, e insatisfações, e frustrações, e amores perdidos, e dúvidas tenebrosas, esses momentos aonde o único desejo que parece te habitar é o de transformar-se em partículas esparsas de areia pelo ar se desfalecendo e não sendo mais o mesmo mas sendo nada, até nesses momentos, se você tem fé na vida, acredita em si mesmo e sabe que, nessa vida estranha que é o planeta Terra em 2007, tudo pode acontecer, você vai saber agradecer a Deus e continuar sua caminhanda para o paraíso terreno do amor verdadeiro a tudo que está ao seu redor, e não ao amor a tudo que está por dentro, por que esse amor, sempre acaba se frustrando, afinal, sempre somos os mesmos, mas é tão mais prazeroso amar sempre coisas novas... Então invente-se, crie seu mundo, feche-se da tristeza, de costas para os medos, acredite nas mudanças, ou não, sofra se necessário, não sofra se realmente ama mais você e a sua felicidade do que o mundo ao seu redor... Pode parecer contraditório, mas quando não damos atenção para o que os outros acham da gente, e aprendemos a gostar de si, amar a vida e o jeito que ela é vira apenas consequência...