sábado, 18 de julho de 2009

O Demônio em Todos os Amores Aonde um Só Ama

Perdido, descrente, ele veio e me deu asas
de penas longas e negras, sujas de foligem
feitas de lágrima e sangue desperdíçado.
"Voaria alto", me disse, não tanto; toda vez que pousasse
deixaria no chão as marcas de piche
dos mues pés. Nos meus amores, feito anzol
preso a boca de peixe que se salvou e agora
figa enganchado em tantos lugares da correntesa,
preferindo ter sido tragado dos mares,
eu deixo uma pena espetada no coração do amante só.
Me crio na fumaça da negação do outro, do amor,
bebo a seiva do choro que forço-te a crer
ser seu, mas sentida a sua lamúrifa e parafraseada sua dor
tenho teus seios sob meus pés, as coxas em minhas unhas
teu sexo vira minha fonte a brotar lírios doces
que me servem de alimento; as obsessões de amor.
de pernas aflitas a se roçar pedindo a dor da mentira
abrem as portas do teu leito triste para meu vôo.
Deixo sob lencóis, em seus dedos que acariciam o nada
nos braços a agarrar o vento, toda a poeira que não te
deixa esquecer de mim misturada a tua tez
apaixonada. Alivio-me
esfregando meus olhos terrosos no seu travesseiro,
tinto de nanquim paredes, unhas, cantos
no gozo do impossível, que um dia, me matou
Se a carregar, posso lembrar por alguns segundos
daquele amor que tive e jamais foi meu

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